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França — Macron errou, mas acertou
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

França — Macron errou, mas acertou

Alguns opinionistas de televisão defendem que Marine Le Pen está movendo-se em direção ao centro. Mas como diz o velho ditado, "O lobo perde o pelo, mas não perde o vício". A Reunião Nacional, partido de Le Pen, tem DNA nazista e fascista
Presidente da França, Emmanuel Macron  (Foto: DYLAN MARTINEZ / POOL / AFP)
Foto: DYLAN MARTINEZ / POOL / AFP Presidente da França, Emmanuel Macron

Em um programa de notícias, comentarista afirma que a Reunião Nacional (RN), o partido ultradireitista francês, liderado por Marine Le Pen, estava se afastando do extremismo em direção ao centro. A cada vez que ouço disparates desse calibre, lembro do ditado: “O lobo perde o pelo, mas não perde o vício”.

A RN tem DNA fascista e nazista, descende da Nova Ordem, grupo de extrema direita surgido ao fim da Segunda Guerra mundial. Na década de 1970, o grupo unificou as facções extremistas, fundando um novo partido, a Frente Nacional (FN). O programa da FN “buscou inspiração no partido neofascista Movimento Social Italiano (MSI), fundado em 1946 por antigos apoiadores de Benito Mussolini. Até mesmo o logo do MIS, uma chama, foi copiado pela FN". A Frente Nacional foi presidida por Jean-Marie Le Pen, pai de Marine, por longos anos. (Com informações da DW.)

Marine Le Pen deu uma demão de verniz no velho partido de feição nazista, portanto antissemita, agora com o nome de Reunião Nacional. Apesar da repaginação, os candidatos da extrema direita, durante as eleições, apelaram para “declarações ou atitudes racistas, se mostraram céticos em relação às mudanças climáticas, ou se aliaram a teses conspiratórias”. (rFI)

Quanto ao presidente Emmanuel Macron, ele errou e acertou. Para muitos analistas, ele não deveria ter convocado eleições parlamentares depois de perder as eleições europeias para a extrema direita. No entanto, ele confiava que os francesas imporiam uma derrota a Le pen, fortalecendo sua política. Mas o negócio deu errado.

No primeiro turno das eleições francesas, a extrema direita ficou em primeiro lugar (33% dos votos); a esquerdista Nova Frente Popular, em segundo (28%) e o bloco centrista de Macron em terceiro (20%). Esse resultado sim assustou os franceses, levando a uma aliança admirável, que conseguiu barrar a ascensão da extrema direita em direção ao governo. Como na velha música carnavalesca, Macron “atirou num urubu, mas errou a direção, e acertou num gavião”. No caso uma certa águia.

Na França a esquerda, o centro e a direita democrática, não têm dúvida alguma de que a Reunião Nacional é um partido de extrema direita. No Brasil, ninguém deveria ter essa dúvida quanto a Bolsonaro.

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