Logo O POVO+
A violência retorna contra seus incentivadores
Foto de Plínio Bortolotti
clique para exibir bio do colunista

Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

A violência retorna contra seus incentivadores

Trump, rapidamente protegido por dezenas de agentes, saiu do tiroteio com uma poderosa photo-op, que certamente será exibida como troféu durante a sua campanha
Donald Trump é o primeiro ex-presidente americano a ser condenado criminalmente (Foto: GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP)
Foto: GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP Donald Trump é o primeiro ex-presidente americano a ser condenado criminalmente

Em artigo nesta coluna, publicado há sete dias, analisei a linguagem bélica que Donald Trump usa para fazer política, juntando-se a gente da mesma (má) qualidade. Como Steve Bannon, seu antigo assessor. Ele disse que o “exército Maga” não acataria o resultado das eleições de novembro, caso Trump fosse derrotado. E que seu "exército" iria “até à vitória final”.

Trump, por sua vez, já avisou que perseguirá seus adversários, caso eleito, e que sua derrota poderia causar um “banho de sangue” nos Estados Unidos. É óbvio que essa linguagem beligerante causa impacto, promovendo a bestialidade como forma aceitável de fazer política, que pode atingir inclusive os disseminadores da violência.

Assim aconteceu com o ex-presidente Jair Bolsonaro, defensor do armamentismo indiscriminado, que se gabava de ser um “especialista em matar”, que defendeu o “fuzilamento” do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — e também a “fuzilar a petralhada”. O autor do atentado a faca contra Bolsonaro foi considerado “inimputável” pela Justiça. Ou seja, em linguagem popular, o sujeito não é bom do juízo, mas certamente foi impactado pelo clima de violência criado por Bolsonaro.

Durante a campanha presidencial no Brasil, em 2022, essa brutalidade espalhou-se por todo País. A Agência Pública, registrou pelo menos 15 assassinatos no período, com 23 tentativas: 40% agressões praticadas por bolsonaristas, e 7% por apoiadores de Lula.

Quanto a Trump, as primeiras informações dão conta que o autor do atentado é um homem de 20 anos, inscrito no Partido Republicano, o mesmo de Trump. Mas o porquê da tentativa de assassinato ainda está por ser explicado. Não é incomum, em casos assim, que militantes mais agressivos ou com menos juízo se tornam mais radicalizados do que os próprios líderes que os incitam, passando a questioná-los com a linguagem que conhecem: a violência.

Se a selvageria põe em risco os próprios fomentadores, também atinge quem deles se aproxima. Foi o caso de um morto e dois feridos que estavam no local apenas para assistir ao comício. Por outra vista, Trump, rapidamente protegido por dezenas de agentes, saiu do tiroteio com uma poderosa photo-op, que certamente será exibida como troféu durante a sua campanha.

Foto do Plínio Bortolotti

Fatos e personagens. Desconstruindo a política. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?