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Extrema direita: o lobo disfarçado de ovelha
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Extrema direita: o lobo disfarçado de ovelha

Fazer a transição de um extremo para o "centro direita", sempre tem um preço: o de perder antigos eleitores, os mais radicalizados, sem conseguir convencer os moderados
FORTALEZA-CE, BRASIL, 26-09-2024: Sabatina OPOVO NEWS com capitão Wagner.  (foto: Fabio Lima/ OPOVO) (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA FORTALEZA-CE, BRASIL, 26-09-2024: Sabatina OPOVO NEWS com capitão Wagner. (foto: Fabio Lima/ OPOVO)

Segundo anotou em sua coluna o meu colega Érico Firmo, a campanha do Capitão Wagner (União Brasil) assumiu um caráter “emocional e nostálgico”, rememorando a disputa de 2016, a primeira vez em que concorreu ao cargo de prefeito. Na propaganda, Wagner afirma manter os mesmos valores, mas que estaria “mais maduro”.

Érico observa que Wagner começou a campanha dizendo que "mudar "é bom”, o que ele teria feito. Porém, o editor de Política avalia que teve eleitor a não gostar da mudança, buscando a “novidade da vez — talvez André (Fernandes)”, do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A “mudança” a que Wagner apelou no início de sua campanha certamente se refere ao afastamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado durante a maior parte de sua carreira política. O capitão PM também busca suavizar sua imagem de extremista, após participar de dois motins da Polícia Militar (2011 e 2020),

A partir da primeira sublevação, quando liderou o movimento, ele foi catapultado para a política, elegendo-se vereador, deputado estadual e deputado federal.

Foi também duas vezes candidato a prefeito (2016 e 2020) e disputou uma vez a cadeira de governador do Ceará (2022), iniciativas nas quais foi derrotado. Se para os cargos legislativos obtinha votações expressivas, em cargos executivos era sempre confrontado com seu bolsonarismo e sua atuação nos motins, que aterrorizaram a população cearense.

Mas fazer a transição de um extremo para o “centro direita”, como é seu objetivo, sempre tem um preço: o de perder antigos eleitores, os mais radicalizados, sem conseguir convencer os moderados. Isso ajuda a explicar a queda de Wagner nas pesquisas e, talvez, sua terceira derrota ao Executivo Municipal.

Surpreendentemente, quem está conseguindo passar-se por “moderado” e filho exemplar, é André Fernandes, que não se preocupa muito em mencionar seu principal aliado, o líder da extrema direita, Jair Bolsonaro.

Mas é preciso precaução redobrada com lobos que se fantasiam de ovelhas.

Foto do Plínio Bortolotti

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