Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
É muito difícil crer que a hierarquia das Forças Armadas não soubesse que um golpe fermentava em suas fileiras e em frente aos quartéis
Jair Bolsonaro, o “mau militar”, com outros 24 colegas de farda, a maioria de alta patente, foram indiciados pela Polícia Federal pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Entre eles um almirante (Marinha), 12 coronéis e sete generais (Exército). Resumindo, dos 37 integrantes da organização criminosa que queria impedir a posse de Lula, 65% deles são fardados. A propósito, a classificação do grupo como “organização criminosa” consta do indiciamento da PF, que indicou Bolsonaro como “líder” da facção.
Quando o conteúdo do relatório da PF tornou-se público, muitos, inclusive alguns comentadores políticos, apressaram-se a dizer que tinham de ser punidos os “CPFs” e não o “CNPJ”, uma forma de estabelecer a necessidade de se separar a pessoa que comete um crime da instituição à qual pertence.
Ora, mas se uma organização, cujo objetivo é proteger o País de agressões externas, produz tal quantidade de pessoas que querem usar as armas que lhe são fornecidas pelo Estado, contra os próprios brasileiros, alguma coisa de muito problemática deve estar acontecendo com ela.
Se suas “forças especiais”, os tais Kids pretos, são a ponta de lança de um golpe contra as instituições, alguma coisa de muito errada deve haver em suas fileiras.
Quando um golpe fermenta nas abas de seus quartéis, sendo incentivadas por fardados da ativa e da reserva, com uma desfaçatez sem tamanho, a situação é muito preocupante.
O que quero dizer, mesmo sabendo que alguns generais se opuseram ao golpe, é que a instituição Forças Armadas tem responsabilidade sobre o que aconteceu.
Muito antes do surgimento das “bolhas” na internet, os militares já formavam sua própria bolha, uma casta afastada da sociedade, mantendo uma convivência intramuros, onde tudo se sabe. Portanto, é muito difícil crer que a hierarquia das Forças Armadas não soubesse o que acontecia em suas fileiras.
Por que não agiu é uma questão a se considerar. Mas não deve ser desprezível o peso do corporativismo e outro tanto de expectativa, “deixar como está para ver como é que fica”, para então transferir os dois pés para uma canoa só.
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