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Como enfrentar a fábrica de mentiras?
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Como enfrentar a fábrica de mentiras?

Pessoas e grupos, aos quais ainda resta algum traço de civilidade, não podem emular esse método da extrema direita, sem sujar-se na lama
As informações falsas se espalham e criam uma bolha de mentiras na sociedade (Foto: Pixabay/creative commons)
Foto: Pixabay/creative commons As informações falsas se espalham e criam uma bolha de mentiras na sociedade

Em recente artigo publicado em minha coluna defendi que a alta desaprovação do governo Lula não podia ser creditada unicamente à suposta incompetência de sua equipe de comunicação. Segue-se a acusação de que o PT, com seus principais quadros formados na era analógica, não saberia lidar com as redes sociais.

O exemplo a calçar esse argumento é que a “direita” (leia-se extrema direita) saberia usar melhor as redes. Porém, sem conceituar o que é considerado “melhor” no uso das plataformas o argumento fica prejudicado.

Mas é fato que as contas nas redes sociais, comandadas por políticos e grupos de interesse inescrupulosos, têm mais audiência e seguidores do que os movimentados pela esquerda e pela direita democrática.

A audiência nas redes, até Mark Zuckerberg e Elon Musk sabem, depende de despertar as mais brutais emoções e ativar os mais baixos instintos: xingamentos, ódio, misoginia e racismo. Tudo isso embalado em um pacote de mentiras e desinformação, as chamadas “fake news”.

Acrescente-se ataques violentos aos adversários, além da identificação de um inimigo, que pode ser a cultura, o “comunista” ou o imigrante. Assim, cria-se uma fábrica de mentiras, com explosiva capacidade de difundir-se, com ajuda da manipulação de algoritmos, cortesia de Mark e Elon.

Pessoas e grupos, aos quais ainda resta algum traço de civilidade, não podem emular esse método, sem sujar-se na lama. É preciso buscar um modo de alcançar um grande público, sem chafurdar no esgoto. Tarefa difícil, mas não existe outro caminho.

Observem dois exemplos recentes, um no Brasil e outro nos Estados Unidos, e vejam como é fácil emplacar mentiras.

O presidente eleito Donald Trump convenceu parcela considerável de americanos que o governador da Califórnia seria o responsável pelos incêndios, pois não teria disponibilizado água para o combate às chamas para preservar um pequeno peixe, em risco de extinção. Mentira.

No Brasil, com novas regras para transferência bancária, inventou-se que o pix passaria a cobrar pelo serviço. O governo sofreu críticas indevidas, e abriu-se mais uma oportunidade para golpistas, que emitiram boletos cobrando a taxa inexistente.

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