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Trump e o reino do Vale do Silício
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Trump e o reino do Vale do Silício

"É o despotismo corporativo total. É uma mistura ideológica potente e amarga que só poderia ter sido inventada no bar de smoothie funky ((batida de frutas da moda) da cultura tecnológica" (Corey Pein, jornalista)
Elon Musk faz o gesto nazista na posse de Donald Trump (Foto: ANGELA WEISS / AFP)
Foto: ANGELA WEISS / AFP Elon Musk faz o gesto nazista na posse de Donald Trump

Logo após a posse de Donald Trump, escrevi o artigo “Big techs querem mandar no mundo”, comentando o destaque que os donos das grandes empresas de tecnologia ganharam na entronização do novo presidente americano.

Anotei que as gigantes apoiam governos autoritários pelo mundo e que a empreitada levaria “CEOs” aos governos desses países, substituindo mandatários eleitos.

No domingo, na Folha de S.Paulo, Celso Rocha de Barros também comentou o gesto nazista do dono do X, com o seguinte título: “Musk e o Reich do Silício encontram em Trump a chance de realizar sua utopia sem democracia”, abordando a mesma possibilidade. Aquece o coração quando você pensa ter descoberto uma tendência antes de outros analistas.

Mas a alegria durou pouco, pois o artigo de Barros mostra que a tese foi apresentada há pelo menos 10 anos, pelo jornalista americano Corey Pein, no site The Baffler (maio, 2014). No artigo ele criou a expressão “Reich do Silício” para nomear o espírito tecnocrata-autoritário das big techs.

Localizei o artigo e vi que Corey escreveu após uma engenheira do Google, Justine Tunney, ter enviado uma petição à Casa Branca com três proposições:

1) Aposentar todos os funcionários do governo com pensões integrais.

2) Transferir a autoridade administrativa para a indústria de tecnologia.

3) Nomear o presidente do Google como CEO dos Estados Unidos.

A engenheira defendeu assim a proposta: “É hora de o regime dos EUA sair educadamente da história e fazer o que é melhor para a América. A indústria de tecnologia pode nos oferecer boa governança e evitar um maior declínio americano”.

Corey rebateu: “É o despotismo corporativo total. É uma mistura ideológica potente e amarga que só poderia ter sido inventada no bar de smoothie funky (batida de frutas da moda) da cultura tecnológica”.

Assim, qualquer semelhança com a nomeação de Musk como chefe de um “departamento de eficiência” do governo americano deixa de ser mera coincidência.

(A propósito, o surgimento do DeepSeek foi uma paulada no orgulho americano e nas big techs dos EUA. Vamos ver se eles baixam um pouco a crista.)

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