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Extrema direita sequestra símbolos progressistas
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Extrema direita sequestra símbolos progressistas

Na compreensão dessa gangue, "liberdade" é o "direito" de fazer ameaças de morte impunemente, orientar quadrilheiros a perseguirem adversários, caçar pessoas nas ruas na ponta de uma arma, depredar instituições e tramar um golpe contra a democracia
CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro (Foto: João Paulo Biage)
Foto: João Paulo Biage CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro

A extrema direita já não está achando suficiente apresentar-se como defensora da “liberdade”, distorcendo esse conceito, para defender seus interesses mesquinhos e pregar o autoritarismo.

Na compreensão dessa gangue, “liberdade” é o “direito” de fazer ameaças de morte impunemente, orientar quadrilheiros a perseguirem adversários, caçar pessoas nas ruas na ponta de uma arma, depredar instituições e tramar um golpe contra a democracia.

Agora sequestram símbolos históricos da luta progressista para justificar os crimes que cometem.

Primeiro foi o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), ao comparar Débora Rodrigues com Rosa Parks, o que é um insulto, senão uma heresia.

Entre outros crimes, “Débora do Batom”, assim conhecida por pichar a estátua da Justiça utilizando esse material, foi condenada pelo Supremo, Tribunal Federal (STF) por cinco crimes, entre eles tentativa de golpe de Estado. Ela foi participante do ato de 8 de janeiro de 2023, que depredou a sede dos três poderes, como parte de um plano para depor um governo legitimamente eleito.

Rosa Parks foi presa em 1955, em Montgomery (Alabama) por recusar-se a ceder seu assento no ônibus a um homem branco, como mandava a lei de segregação racial, durante o período em que vigorou o apartheid nos Estados Unidos.

A resistência dessa mulher negra provocou um boicote aos ônibus que durou mais de um ano, terminando com a Suprema Corte americana proibindo a segregação nesse meio de transporte.

O ato de coragem de Parks também marcou o início da luta por direitos civis nos Estados Unidos, quando surgiu a liderança de um jovem pastor negro da Igreja Batista: Martin Luther King.

Agora é a vez de Marine Le Pen, líder da extrema direita francesa. Condenada por desvios de recursos do Parlamento Europeu, ela recebeu pena de quatro anos de prisão e cinco anos de inelegibilidade. Ela ousou comparar-se a Luther King, ao dizer que vai lutar pacificamente contra a condenação.

Essas equivalências disparatadas podem ser consideradas falta de noção ou falta de vergonha, o que são. Mas, na verdade, fazem parte da tática da extrema direita de distorcer os fatos para confundir adversários, ao tempo em que oferece “argumentos” para os seguidores fanáticos.

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