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Bolsonaro, sem indiciamento, mas implicado
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Bolsonaro, sem indiciamento, mas implicado

Fica cada vez mais distante o pesadelo fermentado por Bolsonaro de conseguir uma "anistia" para os crimes dos quais é acusado, para candidatar-se a presidente em 2026
USO da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) está no centro do inquérito (Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil)
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil USO da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) está no centro do inquérito

Depois uma confusão inicial, quando circulou a notícia de que Jair Bolsonaro havia sido indiciado pela Polícia Federal (PF) no caso da “Abin paralela”, a informação foi corrigida.

O ex-presidente não sofreu indiciamento, porém foi citado no relatório da PF, que apontou indícios de autoria e materialidade da participação dele nos eventos de espionagem ilegal contra adversário de seu governo, mas entendeu que ele já fora indiciado por organização criminosa no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado.

Em tese, não haveria impedimento para o indiciamento em dois inquéritos diferentes, quando se trata de condutas distintas. No caso, a PF deve ter entendido que a espionagem ilegal fez parte da trama golpista, na qual Bolsonaro está envolvido como réu, portanto não era necessário indiciá-lo novamente.

De qualquer forma, entre as prerrogativas do Ministério Público Federal constam: a) oferecer denúncia conforme relatório da PF; b) excluir da denúncia um ou mais indiciados; c) incluir na denúncia suspeitos que não foram indiciados pela Polícia Federal. Ou seja, o relatório ainda vai passar pelo crivo da Procuradoria-Geral da República.

O fato é que, com ou sem uma nova denúncia, fica cada vez mais distante o pesadelo fermentado por Bolsonaro de conseguir uma “anistia” para os crimes dos quais é acusado, para candidatar-se a presidente em 2026.

O funil torna-se cada vez mais estreito, pois até aliados próximos, que se recusavam a falar sobre o assunto, agora admitem que a situação de Bolsonaro é irreversível — e buscam alternativa.

Segundo o jornalista Bruno Ribeiro (FSP, 17/6/2025), bolsonaristas que integram o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), já admitem a possibilidade da candidatura do governador de São Paulo, tendo Michele Bolsonaro como vice.

Até agora, Tarcísio vem refugando qualquer possibilidade de "trair" Bolsonaro. Mas, como ensina o velho filósofo: a política é dinâmica — e poucos políticos resistem a montar um cavalo que passeia selado pelo seu jardim.

Tarcísio é o candidato preferido da bem-educada Faria Lima, que apreciaria um novo mandato bolsonarista, sem a incivilidade do próprio.

A Bolsonaro restaria somente cumprir a sua pena.

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