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Irã vs Israel: uma guerra com três vencedores?
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Irã vs Israel: uma guerra com três vencedores?

Enquanto isso, o governo de Israel continua a massacrar os palestinos em Gaza, inclusive matando pessoas desesperadas nas filas para pegar comida
Frágil cessar-fogo vigora entre Israel e Irã, em conflito que iniciou no dia 13 de junho com ataques israelenses contra o território iraniano (Foto: JOHN WESSELS / AFP)
Foto: JOHN WESSELS / AFP Frágil cessar-fogo vigora entre Israel e Irã, em conflito que iniciou no dia 13 de junho com ataques israelenses contra o território iraniano

Estados Unidos/Israel e Irã fazem estardalhaço, cada um a seu modo, reivindicando a vitória na “guerra dos 12 dias”.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, classificou como uma “vitória histórica” a trégua com o Irã.

Mas, segundo o entendimento do presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, o conflito terminou com uma “grande vitória” sobre Israel.

Donald Trump por sua vez, em sua indefectível grandiloquência chamou para si os louros do precário cessar-fogo, dizendo que o ataque americano causou “grande destruição” às instalações do Irã, cujo resultado seria atraso de "muitos anos" em seu programa nuclear.

No então, é preciso lembrar, o objetivo declarado de Israel ao iniciar a guerra, era eliminar o programa nuclear do Irã, a “ameaça existencial” ao Estado de Israel, o que não foi alcançado.

Apesar do tom triunfalista de Trump, um relatório vazado da inteligência do Pentágono indica que o dano causado às instalações nucleares iranianas, provocarão atraso de meses em seu programa. O presidente americano, que anunciou retardamento de “anos”, rejeitou o documento. (Em ação, um dos lemas trumpianos: "Nunca admitir uma derrota".)

A guerra também tinha o objetivo declarado retirar os aiatolás do poder. Após pesados ataques ao Irã, no início do conflito, Netanyahu dirigiu-se diretamente aos iranianos incentivando-os a derrubar um governo “maligno e opressor”.

Quanto a esses dois objetivos, saiu derrotado. Mas o desastre também recaiu sobre o Irã. Aos EUA restou apenas uma mentira.

A propósito, antes que alguém me chame a atenção: ninguém está “passando pano” para a feroz ditadura iraniana, mas derrubar o regime é tarefa para seu próprio povo, e não de uma potência estrangeira.

Falando em ditaduras sanguinárias, a relação entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita, vai muito bem, obrigado. Recentemente, Trump assinou um “acordo estratégico” com os sauditas de US$ 600 bilhões (R$ 3 trilhões). Por coincidência, a família presidencial tem laços comerciais com as monarquias do Golfo, portanto nenhum problema quando a ditadura é “amiga”.

Enquanto isso, o governo de Israel continua a massacrar os palestinos em Gaza, inclusive matando pessoas desesperadas nas filas para pegar comida.

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