
Raymundo Netto é jornalista, escritor, pesquisador e produtor cultural, autor de obras premiadas, em diversos gêneros ficcionais ou não. É gerente editorial e gestor de projetos da Fundação Demócrito Rocha.
Raymundo Netto é jornalista, escritor, pesquisador e produtor cultural, autor de obras premiadas, em diversos gêneros ficcionais ou não. É gerente editorial e gestor de projetos da Fundação Demócrito Rocha.
Juvenal Galeno é, sem dúvida, a maior glória literária de Pacatuba, mas não é o único. Manoel Albano Amora, seu "Cidadão Honorário", em Pacatuba: geografia sentimental (Ed. Henriqueta Galeno, 1972), apresenta uma extensa relação de personagens de áreas distintas cujo berço é a cidade serrana-sertaneja. No que se refere à literatura, José Valdivino de Carvalho (ensaísta, poeta, cronista), Miriam Benevides Pamplona (poeta e cronista), Genuíno de Castro e Silva (poeta), Raimundo Amora Maciel (romancista, poeta e cronista), José Lino da Justa (ensaísta), entre outros que nos deteremos a seguir.
A obra Pacatuba: antologia do Centenário (Ioce, 1969) traz, além da poesia e da prosa de pacatubanos "de raiz", as de pacatubanos "de coração", confirmando seu tradicional poder de encanto e sedução. Então, ali, encontramos Álvaro Martins, Rodolfo Teófilo, Otacílio de Azevedo, Antônio Girão Barroso, Waldery Uchôa, João Clímaco Bezerra e, entre outros, João Jacques, cronista do O POVO, irmão de Paulo Sarasate e filho do maestro Henrique Jorge. Em "Poema do Centenário", Jacques confessa: "um dia,/ naturalizei-me pacatubano". Suas lembranças passam por vários aspectos da sua queridinha Pacatuba cotidiana, a princípio, em sua travessia de trem, "fumaçando e apitando", e na chegada à "estação do velho Fausto Benevides", a ouvir os insistentes pregões de meninos: "Banana seca e mariola!" - não se esqueceu da famosa goiabada do Coelho e dos tabuleiros de cocada preta e branca. Como outros, para ele, Pacatuba sempre foi "uma escada de trilhos e dormentes." No poema, descreve costumes e relaciona nomes e tipos da cidade. Entre as lembranças, "o sobrado da Marianinha, cheio de assombrações", o mesmo que hoje está à venda, preocupando aqueles a entender que, se não houver uma atitude do governo municipal e/ou estadual, poderá, sim, tornar-se mais um "fantasma" na história de seu patrimônio arquitetônico, como aqueles que, inexplicavelmente hoje, assistimos a demolir ou descaracterizar.
Outros renomados escritores pacatubanos são: Carlos Cavalcanti, o "Caio Cid" (1904-1972) do Correio do Ceará e d'O POVO. Também poeta e contista, foi na crônica que encontrou seu maior reconhecimento, atuando no Ceará, assim como no Rio, em breve passagem. Arthur Eduardo Benevides (1923-2014) concluiu seu primário no Educandário Santa Terezinha, ainda em Pacatuba. Reconhecido, principalmente, como poeta - eleito o 4º "Príncipe dos Poetas Cearenses" -, escreveu em outros gêneros, como contos, ensaios e até, mais tardiamente, literatura infantojuvenil. Membro da Academia Cearense de Letras, foi professor de Literatura Brasileira no curso de Letras da UFC. Atuante em Fortaleza, nunca deixou de exaltar seu torrão natal: "Pacatuba nunca é menos:/Ela em mim é sempre mais." Eduardo Campos (1923-2007), o Manuelito Eduardo da rádio PRE-9 - atuou ao lado de Paulo e José Cabral de Araújo, João Ramos, Luzanira Cabral (Stela Maria) e Laura Santos, todos originários de Pacatuba -, foi também contista, cronista, dramaturgo, folclorista, pesquisador e biógrafo, com mais de 70 títulos publicados. Membro da Academia Cearense de Letras e do Instituto do Ceará, é um dos fundadores do Clã, grupo responsável pela consolidação do modernismo no estado, entre tantas outras incansáveis e relevantes ocupações que não caberiam nesse espaço. Por ora, em direção à quarta e última parte do passeio nesse trem de memórias, vamos contemplar a paisagem de ipês amarelos, sacolejando ao som "pa-ca-tu-be-a-bá", "pa-ca-tu-be-a-bá"... (Continua em 15 dias)
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