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Jornalismo sob ataque
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Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha

Jornalismo sob ataque

"Lixo" é um dos termos mais usados nas agressões contra jornalistas e veículos nas redes sociais
Tipo Opinião
Regina Ribeiro, jornalista do O POVO (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Regina Ribeiro, jornalista do O POVO

Sábado da semana passada aconteceu, de forma remota, o 13º Colóquio Iberoamericano de Jornalismo Digital, promovido pelo Knight Center for Journalism in the Americas, criado e dirigido pelo jornalista brasileiro Rosental Alves. Em cerca de quatro horas de encontro, com participantes de vários países, chamou minha atenção os relatos de violência contra veículos de comunicação e jornalistas nas Américas e Espanha.

Pilar Velasco, jornalista espanhola, contou o quanto a polarização política naquele país tem atingido veículos e jornalistas, principalmente mulheres, que sofrem agressões verbais tanto pelas redes sociais quanto fora delas. As mudanças radicais ocorridas no mundo devido às medidas de proteção contra a Covid-19 tornaram a atividade ainda mais exposta à intolerância de alguns grupos políticos e seus simpatizantes.

Na Nicarágua, trabalhar como jornalista se transformou numa atividade de alto risco. O Brasil, por sua vez, só perde para a Venezuela em casos de agressões a profissionais de imprensa e veículos. O documento "Voces del Sur", divulgado em junho passado, informa que a crise do coronavírus, que chegou à América Latina em fevereiro último, tem motivado o aumento de ataques contra jornalistas.

Em abril deste ano, a Federação Nacional de Jornalistas do Brasil havia revelado que Jair Bolsonaro fora o responsável por 58,17% das ocorrências de ataques contra empresas de comunicação e profissionais de imprensa, no ano de 2019. Dos 208 ataques, 121 ocorrências vieram do presidente. Empresas de jornais e TVs foram as mais atingidas. Acumulam 54,84% dos casos das agressões.

Todas essas informações não deixam dúvidas de que há, sim, um comportamento abusivo de uma parcela considerável da população contra a atividade jornalística. Ataques que parecem ser completamente desprovidos da reflexão sobre o fato de que uma Democracia não se sustenta sem uma imprensa livre e fortalecida. Há também uma completa ausência de empatia, quase uma perversão, nessas injúrias e difamações.

A palavra “lixo”, por exemplo, é uma das mais usadas nas agressões contra profissionais de imprensa e empresas. Imagine uma conversa na qual você é chamado de lixo, logo de início. Perceba se há alguma disposição para o diálogo nesse tipo de abordagem que é abertamente oposto à discordância e ao embate de ideais.

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