
Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha
Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha
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Após um pequeno intervalo de 10 dias sem ler nada sobre política, sem acessar jornal nem nenhuma mídia, me deparo com o rompimento entre o PT e o PDT na disputa ao governo do Ceará. Para uma recém saída do estado off, assustou um pouco o esfacelamento da parceria que nunca me pareceu a coisa mais perfeita do mundo, mas não há como negar que alguns líderes políticos cearense saíram deste projeto político.
O enredo de agora parece preocupante. O personagem central da trama, o candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) põe em cena, talvez, a versão mais acabada de si mesmo, embora leve-se em conta que o fluxo da vida ainda possa melhorar as coisas, ou como tem acontecido no Brasil dos últimos anos, piorar um pouco mais.
O ex-governador do Ceará é um homem inteligente. Sua oratória fluente, sua capacidade de argumentação e o conhecimento que tem do País o tornam um mediador privilegiado para todas as discussões sobre as possíveis saídas para um Brasil combalido de todas as formas.
No entanto, a forma violenta e intemperante como Ciro Gomes se expressa e sua incapacidade de agregar e de tratar com um mínimo de respeito os adversários políticos e ex-aliados fazem de Ciro Gomes um derrotado que parece estar sempre estar em busca da própria derrota.
Ao longo da sua trajetória, Ciro Gomes tem por hábito plantar inimizades. Observando sua passagem pelos sete partidos aos quais foi filiado desde a juventude no PDS, militando depois no PMDB, PSDB, PPS, PROS e agora o PDT, o homem com os atributos intelectuais de Gomes poderia ser uma expressão nacional com maior envergadura, porém, não é.
Do então PMDB, Ciro disse, quando ainda era governador do Ceará que “havia setores do partido que não valiam o que um gato enterra”. Fernando Henrique (PSDB) se transformou num “incoerente, fisiologista”. Tasso Jereissati já foi, para Ciro Gomes, comandante de uma “oligarquia econômica que quebrou o Banco do Estado do Ceará”. Lula, de cujo governo Ciro foi ministro da Integração Nacional em 2006 é o atual inimigo mais descomposto pelo candidato à presidência pelo PDT. O ódio que Ciro nutre pelo PT parece que há muito deixou de ser cívico ou, no mínimo, civilizado politicamente.
Para além da falta de habilidade política e verbal que acompanha o eterno candidato ao Planalto, há também algumas outras qualidades que o deixam mais próximo de Bolsonaro do que de um defensor da democracia que ele tanto alardeia ser. O autoritarismo não está concentrado apenas no exercício do poder mediante mandato. Ele se esparrama também verbalmente e nos espaços – mesmo pequenos – de ação. É o que se viu na condução da escolha do candidato do PDT ao governo do Ceará. Difícil dizer que o autoritarismo não imperou. Seu próprio desejo pessoal de ser presidente, em alguns momentos, soa autoritário quando tal desejo parece maior do que o próprio Brasil, como aconteceu em 2018 e tende a se repetir agora. Eis uma pessoa que não aprende.
Por último, não se pode dizer que Ciro Gomes é respeitoso com a imprensa e jornalistas. Já houve casos em que foi tão grosseiro que beirou o desrespeito. Por tudo isso, acho Ciro Gomes apenas um tipo Bolsonaro que foi a Harvard.
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