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Nem faca nem vinho, Bolsonaro só queria ouro puro e Rolex
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Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha

Nem faca nem vinho, Bolsonaro só queria ouro puro e Rolex

O episódio da saída das joias e objetos valiosos recebidos pelo ex-presidente do ficou um pouco mais complexo. Era tudo plano dos assessores para aumentar a conta bancária do ex-chefe?
Tipo Análise
Modelo de faca com cabo imitando fuzil  (Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Modelo de faca com cabo imitando fuzil

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Em 7 de dezembro de 2020, o ex-casal presidencial Jair e Michelle Bolsonaro abriram uma exposição no Palácio do Planalto com as roupas que eles haviam usado durante a posse em 1º de janeiro de 2019. O ano que se seguiu não foi fácil. Em 10 de março, Bolsonaro disse que a imprensa era responsável pelo pânico em torno da pandemia do coronavírus. Em viagem aos Estados Unidos, afirmou que era “fantasia” o perigo em torno da Covid-19.

Na segunda quinzena do mesmo mês, houve o primeiro lockdown, e daí em seguida o presidente trocou o ministro da Saúde três vezes, virou garoto-propaganda da Cloroquina, criou uma frente contra os governadores do Nordeste, negou-se a comprar a vacina no tempo certo, desaconselhou a máscara, transformou vacina em ideologia, e negou-se a se vacinar. Ao seu lado, alguns empresários fizeram coro contra o fechamento do comércio. Um deles afirmou que a morte de 5 a 7 mil pessoas era muito razoável desde que a economia não ficasse parada. No fim das contas morreram 700 mil pessoas com a contaminação do vírus ou de complicações da doença.

No dia 30 de dezembro de 2022, o casal Jair e Michelle parte para os Estados Unidos em avião presidencial com todas as mordomias de Chefe de Estado, incluindo uma penca de assessores, tudo pago com recursos da União. O homem tão cioso do bem público, na verdade, levava joias e objetos que havia recebido de presente em função do cargo. Os assessores venderiam as peças e repassariam a ele o dinheiro.

As suspeitas do enredo têm fotos, comprovações de venda e recompra de itens, vídeos com a exposição dos presentes em site de casa de leilão nos Estados Unidos, cópias das conversas entre os assessores. Até o momento, tudo é silêncio em torno de Bolsonaro. Mauro Cid, militar, ajudante de ordens do ex-presidente, preso após a descoberta da patuscada em torno da falsificação de cartões de vacina para ele e família e também para o presidente honestíssimo, ficou mudo. Sobre o cartão da vacina, Bolsonaro disse não saber de nada. “Tá ok?”

Desde que as joias apareceram na vida do casal mais honesto do Brasil, Michelle garantiu estar alheia a qualquer presente, falou até que um estojo com mimos árabes havia ficado numa bancada da cozinha durante uma semana. Assim, como quem não compreende as coisas. Agora, o episódio ficou um pouco mais complexo. Era tudo tramoia dos assessores para aumentar a conta bancária do ex-chefe? Mesmo o dinheiro que um militar graduado recebera em conta e repassaria em cash a Bolsonaro para evitar trâmites bancários?

Depois de tudo isso, fico aqui pensando com meus botões sobre o motivo que levou o ex-presidente a não levar as facas com seu nome gravado nem o vinho com rótulos dedicados a ele e à esposa para fazer comércio de souvenir entre seus apoiadores nos Estados Unidos. A verdade, triste, mas verdade, é que os bajuladores do Bolsonaro erraram nos presentes. Ele só queria joias valiosas, relógios Rolex, estátuas de ouro maciço. Faquinhas e vinhos sequer constam na lista dos objetos afetivos do honestíssimo ex-presidente. Facas com cabo imitando fuzil, estampando uma bandeira brasileira e foto do Mito andam bem desvalorizadas em alguns sites, à venda por R$ 350.

Foto do Regina Ribeiro

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