
Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha
Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha
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Um dos maiores alívios de Jair Bolsonaro não ser o presidente do Brasil é a certeza de não termos um chefe do Executivo tresloucado ao ponto de arranjar briga com todas as instâncias sociais e políticas, ao mesmo tempo em que encarna o papel de vítima de um tal sistema que o persegue. É também respirar aliviada por não ser chamada de “lixo” pelos seguidores do presidente da República. Entre 2019-2022, período do mandato do ex-presidente, o Brasil foi alçado ao rol dos países campeões de ataques ao jornalismo e jornalistas. As agressões eram constantes tanto pelo ex-presidente quanto por seus admiradores.
Por tudo isso é que não é possível tolerar o comportamento de membros do PT e do governo Lula quanto ao Estado de S. Paulo e à jornalista Andreza Matais, editora-executiva de Política e chefe da sucursal de Brasília do Estadão. A jornalista foi responsável por revelar que Luciene Barbosa Farias, casada com o líder do Comando Vermelho do Amazonas, conhecido como Tio Patinhas, foi recebida no Ministério da Justiça, dia 13 de novembro. Luciene já havia tido audiência anterior na Secretaria Nacional de Políticas Penais.
Até o momento, não há nada que incrimine o atual governo ou o ministro da Justiça, Flávio Dino, a não ser o fato de não soar nem um pouco recomendável que a esposa de um homem preso que, embora negue, foi condenado pela Justiça do Amazonas por ligações com o crime organizado, transite de forma tão desembaraçada em órgãos judiciais brasileiros. Também estranha que a ONG que a Luciene Barbosa representa seja enviada pelo governo do Amazonas para uma reunião no Ministério da Justiça, acompanhando outras pessoas e tenha suas despesas pagas pelo Governo.
O Ministério da Justiça reconheceu a falha e mudou as regras das audiências internas, o que deveria ter feito há muito tempo. Então, não é possível que o ministro Flávio Dino, que representa o governo, use suas mídias para atacar a jornalista. Já vimos esse filme de qualidade péssima antes.
O jornalismo profissional é uma atividade pública. Está sujeito, minuto a minuto, à crítica pública dos leitores e do governo. Existem meios para se reclamar do jornalismo se alguém se sente prejudicado por alguma informação publicada. O jornalismo pode cometer erros involuntários e precisa corrigi-los, até porque manipular informação, além de antiético é crime. Como um governo que alardeia aos quatro ventos que foi eleito para restituir a democracia plena no País, pode atacar um jornal ou um dos seus membros no exercício da profissão por algo que não gostou?
Quando o ministro Flávio Dino usa suas mídias para atacar a jornalista Andreza Matais é o governo do presidente Lula que agride um dos pilares da Democracia, a imprensa. Dino representa o Governo Lula democrático. Ele pode não gostar do Estadão, mas não pode agir da forma que quiser. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann também pode não apreciar o veículo e pode e deve reclamar da angulação ou forma como a foi exposta a informação, mas precisa ser cuidadosa com a prática que ela própria condenou tantas vezes no governo de Bolsonaro. O ministro Flávio Dino, por justiça, deveria se desculpar com Andreza Matais.
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