Sou jornalista de formação. Tenho o privilégio de ter uma vida marcada pela leitura e pela escrita. Foi a única coisa que eu fiz na vida até o momento. Claro, além de criar meus três filhos. Trabalhei como repórter, editora de algumas áreas do O POVO, editei livros de literatura, fiz um mestrado em Literatura na Universidade Federal do Ceará (UFC). Sigo aprendendo sempre. É o que importa pra mim
Ver todas aquelas atrizes estrangeiras que nós gostamos – e as reconhecemos como excelentes – na maior expectativa e observar o espanto no rosto da Fernanda Torres ao ouvir seu nome como ganhadora do Globo de Ouro vai reverberar ainda por muito tempo na minha memória
Desde que o filme “Ainda estou aqui” foi lançado em 2024, parece-me que a história de Rubens Paiva passou a funcionar como uma espécie de reparação para o Brasil. Visto por mais de 3 milhões de pessoas, o novo trabalho de Walter Salles narra como a ditadura militar brasileira foi nefasta. Se Rubens Paiva tivesse sido o único brasileiro torturado e morto durante aquele período, ainda assim, o governo militar que comandou o País de 1964 a 1985 poderia ser considerado algo inconcebível.
Nunca entendi – nem vou entender – pessoas que negam esses desastrosos anos bem menos as que negam que houve uma ditadura militar no Brasil.
Mas, o artigo de hoje é sobre a Fernanda Torres, essa atriz que eu sempre admirei seja no cinema ou TV, seja escrevendo. Aliás, a ouvi numa Flip, após o lançamento do livro “Fim”. Foi uma das manhãs mais animadas que vivi por lá.
Divertida, ela contou que a obra não foi traduzida e publicada na Alemanha porque os editores alemães consideraram que “Fim” não dava chances aos personagens, era um livro sem “redenção”. “Como alguém poderia ser redimido nascendo no Rio de Janeiro”?, defendeu-se a atriz.
Também explicou que houve um certo estranhamento quando ela disse a algumas pessoas que estava escrevendo um romance. “Um romance?”, a larga maioria perguntava. O problema, segundo Fernanda, era da “Fátima, a ‘louca´ de “Tapas e Beijos”, que só queria saber de pole dance”.
Acompanhei durante um tempão os textos dela na Folha de S. Paulo e lembro-me de quando ela escreveu sobre a saudade que tinha do Rio de Janeiro, e ter ficado muito tocada e compreender a legítima sensação de se perder a cidade da nossa infância e juventude para a decadente violência que remoça e toma conta de tudo.
Com os pés no chão, discreta, sem alardear feitos, Fernanda Torres é hoje um ícone da arte brasileira. É a mulher que no último domingo uniu o Brasil.
“Já estava feliz”, disse ela ao começar o discurso. Embora já tivesse dobrado Hollywood com sua elegância ornada de simplicidade, imponência e livre de qualquer ostentação, Fernanda mostrou que não é necessário alvoroço algum. Fez o trabalho dela como quem planta, depois colhe.
Ver todas aquelas atrizes estrangeiras que nós gostamos – e as reconhecemos como excelentes – na maior expectativa e observar o espanto no rosto da Fernanda Torres ao ouvir seu nome como ganhadora do Globo de Ouro vai reverberar ainda por muito tempo na minha memória.
O prêmio internacional de Melhor Atriz dado à atriz brasileira Fernanda Torres também diz muito sobre a capacidade de o Brasil se reerguer ao mesmo tempo que nos mostra como a arte produzida neste chão pode ser o elo que nos coloca sob o mesmo signo, que torna nossa história o reflexo de nós mesmos e que nos une em torno de uma única língua e personagens que codificam nossa experiência de nascidos no País.
Além da Fernanda Torres, outra mulher espelha o troféu recebido pela atriz brasileira. Eunice Paiva, a razão de ser de “Ainda estou aqui” e a que levou o filme, seus atores e diretor a tantos tapetes mundo afora, agora aguarda pelo Oscar. E como nação, estaremos torcendo pelo filme, pela Fernanda e pelo cinema brasileiro.
AO VIVO: Fernanda Torres vence Globo de Ouro de melhor atriz e faz história; veja reações | OPNews
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