Ataque às mulheres se torna rentável nas redes sociais
Sou jornalista de formação. Tenho o privilégio de ter uma vida marcada pela leitura e pela escrita. Foi a única coisa que eu fiz na vida até o momento. Claro, além de criar meus três filhos. Trabalhei como repórter, editora de algumas áreas do O POVO, editei livros de literatura, fiz um mestrado em Literatura na Universidade Federal do Ceará (UFC). Sigo aprendendo sempre. É o que importa pra mim
Ataque às mulheres se torna rentável nas redes sociais
Pesquisa realizada pelo Net Lab em parceria com o a UFRJ revela que canais no YouTube são monetizados a partir de grupos da "machosfera" que atacam mulheres. Mulheres que exercem função pública, consideradas gordas, feias e velhas são os principais alvos do ataque
Nos últimos dias tenho lido alguns artigos e reportagens que sinalizam como os discursos de ódio são rentáveis na internet. A reportagem da BBC “Como provocar raiva nos outros nas redes sociais virou negócio lucrativo” traz vários exemplos de personagens que descobriram o filão milionário. Criadores e produtores de conteúdo investem no poder das “iscas de ódio”. É certeza o engajamento.
O levantamento feito pelo Net Lab chegou a 76,3 mil vídeos produzidos por mais de 7 mil canais. Cerca de 690 canais compuseram o corpus da pesquisa para análise do conteúdo. Desses, 137 divulgam quase que exclusivamente conteúdos misóginos com vídeos que atacam mulheres a partir de perspectivas que levam ao desprezo e à desvalorização feminina, com 3,9 bilhões de visualizações.
Além de detectar canais e analisar conteúdos que desprezam mulheres, a pesquisa do Net Lab/UFRJ investigou os métodos de monetização desses canais que, além de publicidade, também lançam mão de doações, conteúdos pagos ao vivo e consultorias. De acordo com o levantamento, as principais ideias disseminadas por esses canais consideram as mulheres “inimigas, oportunistas, parasitas emocionais dos homens” e, por isso, precisam ser contidas pela “dominação” masculina.
O principal alvo são mulheres com qualquer atuação pública: políticas, jornalistas, artistas, influenciadoras digitais, atletas, pesquisadoras. O Laboratório detectou pelo menos três principais grupos produtores de conteúdo que atacam mulheres.
Na chamada “machosfera”, uma das vozes mais estridentes vêm dos Red Pill. Eles exaltam o ser macho dominante e focam na aparência das mulheres segundo um tal Valor Sexual de Mercado. Costumam fazer vídeos depreciando a imagem feminina e usando, em escala, a teoria de que as mulheres vão dominar o mundo caso os homens não as façam parar.
Há também o grupo identificado como MGTOW (sigla para Homens seguindo seu próprio caminho, em inglês), que desprezam as mulheres e se recusam a se relacionar com qualquer uma delas. E, ainda, o Pick Up Artists (“artistas da pegação” ou da conquista), que dá dicas de como pegar mulheres. A aceitação e o status nesse grupo vão para os predadores. O Lab detectou também os celibatários que responsabilizam as mulheres pela sua pouca atividade sexual.
O YouTube é a segunda maior plataforma vista no mundo. Só perde para o Google. Quando a Meta retira – primeiro, nos Estados Unidos, mas ninguém sabe o virá depois – qualquer mediação no quesito gênero, imigração e política, dá para imaginar que o que já é péssimo, tende a ficar impensável.
A ganância por dinheiro - das plataformas e dos usuários - aliada às IAs que produzem toda sorte de vídeo a um comando de voz tornará as redes sociais um espaço de terror. E o que dizer de nós as mulheres que já somos personagens desse mundo distópico.
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