O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, marcou um encontro com o presidente brasileiro, Lula da Silva, para a semana que vem. Os detalhes do encontro, achei muito parecidos com a conversa entre duas amigas cearenses na fila do cinema. “Fulana, que coisa boa te ver! Vamos tomar um café na semana que vem? Claro, vamos marcar”. Bom, voltando para o Trump, ele transformou o encontro de 39 segundos e a agenda com Lula em parte do seu discurso na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. Ou seja, muita gente está sabendo que os dois líderes se encontraram rapidamente e marcaram um encontro por iniciativa do presidente americano.
Trump subiu à tribuna da ONU após o presidente brasileiro ser o primeiro a falar e criticar abertamente a relação com o país anfitrião que, atualmente, é um verdadeiro caos. Tão caótica que fiquei pensando se os Estados Unidos vão querer aplicar alguma sanção aos artistas e/ou outras pessoas que foram às ruas no domingo passado numa sólida manifestação contra a anistia a Bolsonaro e condenados no 8 de Janeiro e contra a PEC da Blindagem, em várias capitais do Brasil.
O caos da relação se estende de uma forma jamais vista, com o presidente estadunidense usando leis contra brasileiros ligados à Justiça ou STF de forma ampla e irrestrita em termos de punições. Um excesso de poder absurdo. Sem contar as tarifas que são de outro departamento e que no Brasil, se deu por pressão política.
Dizer que gostou de Lula e ter manifestado o desejo de que Lula tenha “gostado” dele não impressiona a quem quer que seja. O mundo inteiro sabe que Trump, além de presidente, conhece os truques de um apresentador de TV ousado. E ele percebeu que o presidente brasileiro não arredou uma vírgula do que tem dito desde que os Estados Unidos passaram a golpear o Brasil, economicamente, até descerem às picuinhas de negar vistos a autoridades do governo, sem contar a covardia das sanções sobre ministros do STF e familiares, num cerco sem precedentes.
O presidente Lula, sem trégua, tem defendido a democracia brasileira, tem se negado a permitir qualquer interferência no País quanto às suas leis, tem tido a dignidade de não abaixar a cabeça diante do menino raivoso do jogo. O discurso de Lula na ONU, na manhã de ontem, deixou isso muito claro ao afirmar que “o que o Brasil decidiu resistir e defender sua soberania” diante das agressões recebidas. Ele criticou autocratas, big techs, o massacre da Palestina, pediu atenção às mudanças climáticas, investiu discursivamente contra os ricos que emitem gases há 200 anos e hoje exigem que os pobres paguem a conta.
Realmente, é mesmo difícil ignorar uma força desse tamanho. E 39 segundos foram mais do que suficientes para Trump reconhecer que ali existe um homem que sabe representar seu país. E isso ele respeita, dizem as pessoas conhecedoras do assunto.