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Turismo cultural e rotas de recomeço
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Jornalista, editor-chefe de Cultura e Entretenimento do O POVO

Renato Abê arte e cultura

Turismo cultural e rotas de recomeço

Cabe às secretárias Helena Barbosa e Denise Carrá o incômodo de pensar em como a riqueza cultural dessa cidade pode ser compreendida – inclusive, unindo forças com a esfera estadual e a iniciativa privada
FORTALEZA-CE, BRASIL, 28-10-2024: Fotos de perfil de Renato Abê. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo) (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS FORTALEZA-CE, BRASIL, 28-10-2024: Fotos de perfil de Renato Abê. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)

Zapeando pelas redes sociais nestes primeiros dias de 2025, me deparo com uma foto empolgante: um encontro da secretária de Cultura de Fortaleza, Helena Barbosa, com a titular da pasta de turismo na Capital, Denise Carrá.

Ao primeiro olhar, reparo que as duas estão no Estoril – símbolo tão importante da Praia de Iracema, que, inclusive, tem muito potencial inexplorado enquanto equipamento público (afinal, é muito mais que um escritório). Depois, descubro que o papo das duas gestoras tem como tema o Ciclo Carnavalesco. Bingo!

Nesse mar digital que se divide entre postagens (políticas, inclusive) com bonitas palavras de recomeço (mesmo as engessadas em fórmulas antigas) e promessas individuais de motivação (o novo trabalho, a atividade física, o banho de mar para renovar), identifico que esse encontro entre as áreas de cultura e turismo é verdadeiramente uma rota de recomeço.

Natural de Caucaia, vivi por 20 anos o movimento de migração pendular, indo e vindo de Fortaleza. Essa itinerância rotineira deixou resquícios e, vez por outra, me vejo olhando a Capital ainda como um turista. E, apesar de amar praias, bares, restaurantes e a Feirinha da Beira Mar, não escapo do incômodo de pensar sobre como os visitantes acessam pouco nosso potencial cultural.

Claro que esse debate é transversal a áreas como segurança pública, educação, mobilidade urbana e tantos outros setores, mas o protagonismo dessa mudança está na ponte entre as pastas de turismo e cultura. Cabe a essas duas secretarias o incômodo de pensar em como a riqueza cultural dessa cidade pode ser compreendida – inclusive, unindo forças com a esfera estadual e a iniciativa privada.

Com a qualidade dos museus e a curadoria de artes cênicas e audiovisual apresentada, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura ainda pode ser o catalisador multicultural que foi criado para ser. Ainda mais se estiver ladeado de um Teatro São José com programação frequente, somando-se a uma Caixa Cultural novamente efervescente e um Teatro da Praia localizado ali perto na avenida Monsenhor Tabosa. Isso para citar apenas um pequeno trecho próximo à orla (área tão crucial para o turismo).

Toda essa potencialidade, porém, tem de ser compreendida pelo próprio fortalezense. Só assim será convidativa para quem chega. E como esse reconhecimento pode ser estimulado? Com políticas públicas eficazes.

O turismo cultural precisa ser debatido entre as áreas responsáveis, com os tensionamentos, responsabilizações e questionamentos necessários. Ver duas gestoras unidas com esse propósito, nas primeiras horas de uma gestão de quatro anos, abre portas para a esperança.

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