A entrada de Denise Carrá na Secretaria do Turismo de Fortaleza (Setfor) e a especulação da saída de Yrwana Albuquerque da Secretaria do Turismo do Ceará (Setur-CE) geraram opiniões distintas no trade turístico. Enquanto o setor recebeu positivamente a notícia da nomeação de Denise, lamentou a eventual troca no caso de Yrwana.
As informações foram debatidas pelo O POVO junto ao segmento em evento turístico ontem, em Fortaleza, organizado pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-CE), em parceria com a Setfor. A própria presidente da ABIH-CE, Ivana Bezerra, chegou a ser cotada como possível dirigente da pasta pública municipal.
Segundo Ivana, uma pessoa da gestão do prefeito eleito Evandro Leitão (PT) a procurou para abordar sobre a possibilidade de gerir a Setfor, entretanto não houve um convite formal. Ela, inclusive, mostrou-se feliz com a lembrança, mas descartou eventual atuação na política, chegando a indicar o nome da própria Denise Carrá.
“Para mim, como eu já falei para várias pessoas, a Denise Carrá era o nome desde sempre. Falei, inclusive, com pessoas muito ligadas a ela e com o próprio chefe dela, para saber se liberavam e tudo mais. A Denise realmente, para mim, é o nome que vai fazer a diferença na nossa Secretaria de Turismo Municipal”, detalhou.
A visão positiva é compartilhada, ainda, por outros representantes do segmento turístico estadual. O presidente da Câmara Setorial de Turismo e Eventos do Ceará, Régis Medeiros, descreveu a nova secretária como “um nome técnico”, alguém com quem ele e outros profissionais do setor “gostam muito”.
Régis destacou a experiência de Denise na Secretaria de Turismo do Estado durante a gestão de Arialdo Pinho. Essa experiência, segundo ele, a equipa com “um profundo conhecimento do setor”, tanto na parte técnica quanto administrativa. “Você não precisa ensinar a roda, ela já sabe muito bem como as coisas funcionam.”
Em contraste com o entusiasmo pela nomeação de Denise, Régis se mostra mais reservado ao comentar a possível saída de Yrwana do comando turístico estadual. Ele reconheceu ela como “uma secretária muito querida por todos” e “uma técnica que tem tentado fazer tudo que ela pode fazer” em dois anos de gestão.
“Eu confesso que eu recebo essa notícia com tristeza. Ela é uma pessoa muito comprometida, muito preparada, uma pessoa técnica, mas ao mesmo tempo uma pessoa que sabe ouvir, uma pessoa que sabe dialogar e que continua batalhando, digamos assim, ao nosso lado pelo nosso sucesso”, pontuou Ivana.
“A gente vem num ritmo de trabalho muito bacana e aí, de repente, quebrar. Eu não entendo bem como é que funciona a questão da política nesse sentido, mas eu não vou falar pela ABIH toda, mas vou falar por mim e acredito que a ABIH concorda, a gente sairia perdendo com a troca agora”, acrescentou a presidente.
Mesmo bem avaliada pelo setor por fazer o que se esperava, Yrwana desperta, em contrapartida, o entendimento entre os empresários de que é necessário alguém com maior expertise na área e que possa avançar além do que o mercado se propõe no Estado.
Recentemente, a secretária chegou a mencionar que negocia o retorno de voos para a Europa e a retomada da internacionalização do Aeroporto de Jericoacoara – projeto que ganhou força ao longo da gestão passada, de Arialdo Pinho, pelo interesse de turistas do Exterior no destino cearense.
Ao mesmo tempo, a atuação da Setur de Yrwana junto às concessionárias do Parque Nacional (Parna) Jeri e do Terminal de Passageiros do Mucuripe contaram contra a gestão. Privatizado pelo governo federal em uma tomada de decisão sobre a qual o governo estadual foi contra, o Parna Jeri contou com uma atuação discreta da Secretaria junto à concessionária Urbia + Cataratas Jericoacoara.
O mesmo foi observado quando o Grupo Aba Infraestrutura assumiu o equipamento do Porto de Fortaleza, no Mucuripe, mesmo representando um potencial há tempos desejado pelo Governo do Estado de impulsionar o turismo de cruzeiros em Fortaleza.
Especulação na área econômica traz tensão aos corredores das secretarias
Ventilados como nomes a serem trocados pelo governador Elmano de Freitas (PT) na reforma do governo, Salmito Filho (Desenvolvimento Econômico) e Fabrízio Gomes (Fazenda) não se manifestaram publicamente e seguem a agenda de compromissos. Todavia, o clima nos corredores da Sefaz e da SDE é de incerteza, pelo que O POVO apurou.
Especulações sobre o pouco trânsito dos dois com algumas lideranças empresariais geram conflitos entre os componentes das pastas - uns concordam e outros não. Mas, em dois anos, ambos tiveram pontos positivos e negativos.
Nome político em uma área que lidera as pretensões do Estado em desenvolvimento econômico, Salmito passou por cancelamento de investimentos e saída de indústrias que geraram milhares de desempregados nesses dois anos.
Ao mesmo tempo, o Estado assegurou os investimentos em hidrogênio verde conquistados no governo anterior e o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado cresceu o dobro da média nacional no período. Assunto, inclusive, que migrou entre as pastas.
Foi o titular da Sefaz quem mais comemorou o resultado do 2º trimestre e também o que já projetou um 3º trimestre com desempenho acima do 0,9% atingido pelo PIB Brasil. A retomada da capacidade de pagamento (Capag) classe A, dada pelo Tesouro Nacional e muito festejada pelo Governo, também teve a Sefaz como responsável.
Fabrízio é comparado a seus antecessores, como a última a administrar a secretaria, Fernanda Pacobahyba, hoje presidente doFundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que tem outro perfil. Ela chegou, em Brasília, a liderar discussões nacionais como a compensação das perdas no ICMS dos combustíveis.
Lista
Ontem, o prefeito eleito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT) informou que a lista de secretários do Município para a gestão que se inicia em 1º de janeiro deverá ser oficializada nos próximos dias