Quem já ouviu falar que alguns vinhos passam por barris de madeira nem imagina o quanto de informação isso pode agregar. Ela antes era usada somente como transporte dos vinhos, pela sua capacidade de se moldar e produzir um acondicionamento maleável e impermeável. Somente no fim dos anos 1970 que começaram a descobrir que, além de transportar, ela modificava a bebida, trazendo em muitos casos características sensoriais.

As madeiras em geral são porosas, têm óleos essenciais e componentes químicos aromáticos, mas descobriram que o carvalho, principalmente os carvalhos Quercus Alber (americano), Quercus Rubor e Sessilis (europeu) têm ótima interação com os vinhos. Cada uma delas tem uma característica que também são influenciadas pelo tratamento térmico (queima) a que são expostas para a maior vedação da barrica.

Não se trata de um fator de qualidade, mas de identidade da bebida. Vinhos que passam por barricas têm características sensoriais marcantes inerentes ao processo. Quanto mais tempo, mais marcação do carvalho. Por esse motivo, muitas vezes achamos que só tintos passam por barricas, pois como tem mais tempo de vida pela frente, comparados aos brancos, uma grande composição sensorial, pode ser submetido a uma larga passagem por barrica sem perder muito a sua característica original e ganhando a complexidade da passagem, vamos falar das principais barricas e suas influências?

Usar ou não usar o carvalho?

É uma decisão do produtor. Obviamente que, como os vinhos têm uma vida útil, só precisam ou devem passar por barricas vinhos que têm estrutura de envelhecimento, pois como os aromas mais frutados são os primeiros a se perderem com o tempo, se um vinho muito aromático passar por barrica ele vai perder as suas melhores características sensoriais, as florais e de fruta depois de algum tempo. Os vinhos quando passam por barrica agregam os seus sabores e aromas, ganhando aromas mais amanteigados, amendoados, de baunilhas, coco e até de chocolate, café e cacau quando as barricas são mais tostadas. O fato é que o carvalho também atua amaciando a acidez nos brancos e taninos no caso dos tintos, que vamos falar depois.

Carvalhos americanos

Os carvalhos americanos têm mais componentes aromáticos: lactonas e enolonas e menos eligitaninos (componentes químicos que dão textura no vinho). Eles se apresentam nos vinhos através de notas de baunilha e coco, muitas vezes na forma de uma maciez muito evidente e algumas notas de caramelo e mel quando a passagem é grande. Indicação é o Wente Vineyard Morning Fog Chardonnay, tem todas as características atrativas da madeira, a delicadeza e refrescancia da Chardonnay mas com boa marcação de baunilha e mel da passagem por barrica. Um excelente exemplar da barrica americana.

 

Onde encontrar:
Brasil Bebidas: rua Torres Câmara, 585 - Aldeota
Telefone: (85) 3224 4488

Carvalho europeu (francês)

Normalmente tem menos componentes aromáticos, mas uma influência mais intensa nos eligitaninos, amenizando os taninos dos vinhos e também a acidez. Regiões muito frias utilizam essas barricas para interagir com a acidez e "amaciar" os seus vinhos, tornando-os elegantes e mais complexos. Indico o Grey Chardonnay, da Ventisquero, que passou por 12 meses em barricas francesas.

Onde encontrar:
Brava Wine: av. Padre Antônio Tomás, 850
Telefone: (85) 3039 0008

 

Sem passar por barrica

Quem gosta da grande essência da uva, a marcação por barrica pode atrapalhar um pouco, um grande exemplo que a passagem por barrica não indica qualidade, alguns produtores preferem não passar por barrica. A indicação desse estilo de vinhos é da vinícola Zanella, de Antonio Prado - RS, produzido por uma winemaker cearense Silvia Rabello "A dama dos vinhos brasileiros".

Onde encontrar:
Restaurante Marques da Varjota ou diretamente com a autora (@damadosvinhosbrasileiros)
Telefone: (85) 99961 0096