Renato Brasil é Químico pela UFC, Mestre em Gastronomia pela Universidade Nova de Lisboa, Docente em Enologia da UNICHRISTUS, Sommelier pela Associação Brasileira de Sommeliers - SP, diretor e fundador da ABS-CE, Docente dos cursos da ABS-CE e Consultor de vinhos para Importadores, distribuidores e restaurantes. Atual 3º lugar no campeonato brasileiro de Sommeliers ABS-Brasil 2019.
O vinho é companheiro de uma reunião de pessoas, ainda mais no fim do ano, em que a gastronomia também é muito valorizada. Um grande banquete, com várias opções de comida, com os mais diversos sabores e texturas, pedem vinhos ecléticos, que tenham um bom conjunto e que não sejam de personalidade muito forte, para não conflitarem com nada e nem ninguém. Seguem algumas sugestões de vinhos para várias ocasiões e valores. Boas festas!
Pratos de entrada
Para recepção ou pratos de entrada, quando se iniciam as refeições, vamos sempre com vinhos leves, principalmente o mais leve dos vinhos: o espumante.
Espumante Cave Geisse Blanc de Blanc
A vinícola que é produtora de alguns dos melhores espumantes brasileiros, na região de Altos de Pinto Bandeira, única Denominação de Origem exclusiva de espumantes da América do Sul, produz um espumante da casta Chardonnay com 36 meses de autólise, com notas de flores brancas, maçã verde e cítricos e leve toque de brioche. Na boca, o espumante tem uma mousse muito cremosa, com acidez refrescante e equilibrada, o que faz com que ele seja um dos melhores espumantes do Brasil, sem dúvida.
Lírica Crua Rosé - Hermann
Um rosé salmão claro lindo, levemente turvo, pois ele não foi feito o degorgement, ou seja, ainda permanece com as leveduras que aportam um aroma de padaria, aumentam a complexidade. Na boca é seco, com muita fruta de bosque, alguma nota de acerola, muita vida e elegância com um final longo. Um grande espumante da Serra do Sudeste, de Chardonnay e Pinot Noir da vinícola Hermann.
Champagne Perrier-Jouët Belle Epoque Blanc de Blancs 2012
Quando se trata de espumantes, a região de Champagne não pode ficar de fora, e a Perrier Jouet, maison que criou a categoria Blanc de Blanc, faz esse estilo o seu ícone, um 100% Chardonnay com no mínimo 8 anos de envelhecimento em caves, dos melhores vinhedos Grand Crus de Cote des Blancs, famosos pelo seus solos de giz, que aportam uma composição única de sabores complexos e indescritíveis. Um champagne para impressionar.
Vinhos com a ceia de Natal
Bacalhau
Pode ser grelhado com toques defumados ou confitado com azeite. Bacalhau, como dizem os portugueses, não é um peixe, é bacalhau, e o vinho precisa de corpo para harmonizar com a textura fibrosa da carne, que pede mais estrutura em boca. Que tal um branco imponente ou por que não um tinto leve? Quem sabe um clairet também não seja o melhor acompanhamento do seu bacalhau.
Quinta dos Roques Encruzado 2021
Do coração do Dão, um produtor que não pode deixar de participar de uma mesa portuguesa, Quintas dos Roques produz um vinho branco da casta encruzado para beber de joelhos, um branco leve quando jovem, intensidade aromática média e notas florais, parece monocromático de início, porém lhe dê tempo que ele evolui como uma poesia, com notas resinosas e, à boca, potência e elegância de um branco que dura uma vida, quanto mais maduro mais interessante, a casta branca de Portugal mais intrigante e longeva.
Manus Liberum Clairet Barbera - Manus - 2023
Um vinho de Encruzilhada do Sul - Serra do Sudeste, produzido pelos irmãos Gustavo e Diego Bertolini, com a enóloga Monica Rossetti acompanhando os processos de produção. Dentre tantos vinhos fantásticos, a Manus produz o Clairet de Barbera, um tinto com extração do mosto flor, muito delicado, com notas de frutas de bosque e cereja. A acidez é muito atraente, um vinhos super gastronômico, com acidez viva e textura delicada de taninos e álcool super equilibrado. Um tinto que vai de pratos de mar até as especiarias de comidas exóticas, como a indiana.
Carne Suína
Com muitas preparações suculentas e com alto índice de gordura, o porco pede vinhos com boa acidez, vinhos de clima frio e de uva que tem essa característica mais marcante, tipo Riesling, Sauvignon Blanc ou até mesmo espumantes.
Regiões como Chablis na França, Mosel na Alemanha e até Martinborough na Nova Zelândia podem cumprir esses requisitos, mas hoje a sugestão vem de um terroir novo, desértico, absolutamente disruptivo, para quem gosta de muita qualidade e de conhecer coisas novas.
Soalheiro Alvarinho - 2020
Com vinhas de mais de 30 anos em Monção e Melgaço em Portugal, um clássico dos vinhos brancos de Portugal, o Soalheiro trás uma intensidade aromática alta, notas florais, de flor de laranjeira, um toque de frutas maduras e um leve amanteigado, na boca é seco, intensidade de boca média e longo, para acompanhar pratos de frutos do mar, ou simplesmente curtir um lindo branco super típico.
Tara - Ventisquero Sauvignon Blanc - 2020
Um branco cheio de energia, de um terroir absolutamente extremo do deserto do Atacama no Valle de Huasco no norte do Chile, a Ventisquero produz um Sauvignon Blanc de solos salinos, com 12 meses de estágio em ovos de concreto, com notas herbáceas, de grama cortada e sensação gustativa aguda, com uma acidez que remete a grandes rieslings do Mosel, mas com toda a sua personalidade. Pois essa personalidade é única, tem que comprovar. Um excelente vinho para acompanhar um prato de sururu alagoano com coentros e um bacalhau entre rios.
Peru
Prato infalível na ceia natalina, pede vinhos mais delicados, partes como o peito são normalmente menos gordurosas que as coxas, para elas o melhor são tintos leves, como as uvas Pinot Noir e Gamay, e falar de Pinot Noir é falar de Borgonha.
Gevrey-Chambertin Joseph Drouhin 2016
Uma village exuberante de uma comuna da Borgonha super respeitada, sendo produzido por ninguém menos que Joseph Drouhin, com intensidade aromática, complexa e elegante. Notas de cereja, frutas de bosque, chá preto, couro, sous bois e uma diversidade de aromas que envolvem e conquistam a cada taça. A textura aveludada da boca e a acidez prometem muitos anos de melhoria, não só o Gevrey mas como todos os Pinots de Drouhin.
Para grandes eventos, grandes vinhos
Biondi Santi Brunello di Montalcino DOCG Riserva 2015
Aqui um vinho para se beber pelo menos uma vez na vida, o ideal seria bem mais que isso, um clone de sangiovese próprio da vinícola o BBS11, com 36 meses de afinamento em carvalho esloveno, um clássico com muita fruta vermelha, ameixa, cereja amarga, com uma camada de funghi, e início de notas terrosas promete um envelhecimento pleno com um equilíbrio entre acidez, álcool, taninos, que se apresentam com uma granulosidade única. Um vinho para contemplação.
Ornellaia 2017
Um clássico supertoscano, de Bolgheri, com a combinação de 56% Cabernet Sauvignon, 25% Merlot, 10% Petit Verdot e 9% Cabernet Franc, provenientes de mais de 70 parcelas diferentes na Tenuta Dell'Ornellaia, em um entremeado de aromas de fazer os narizes e bocas mais exigentes se deleitarem com a complexidade e potencial do vinho. Primeira camada de notas de violeta, envolvidos posteriormente com aromas de cassis, tabaco e café, com a textura fina e polida já se bebe muito bem hoje, mas certamente tem longos anos de melhoria em complexidade aromática, um ícone toscano.
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