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Frei Tito: rua, avenida ou talvez uma praça
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Ator, dramaturgo e diretor teatral. Fundador do Grupo Pesquisa (1978) e um dos integrantes da equipe fundadora da Televisão Educativa do Ceará (hoje TVC) e da Rádio Universitária. Diretor do Centro de Pesquisa em Teatro e formulador da teoria e do método Teatro Radical Brasileiro

Ricardo Guilherme arte e cultura

Frei Tito: rua, avenida ou talvez uma praça

Frei Tito de Alencar Lima: cearense recebe homenagens Brasil afora  (Foto: Reprodução )
Foto: Reprodução Frei Tito de Alencar Lima: cearense recebe homenagens Brasil afora

Rua Frei Tito de Alencar Lima em Recife. Avenida Frei Tito de Alencar Lima em Ribeirão Preto/SP. Praça Frei Tito de Alencar Lima em São Bernardo do Campo/SP. No bairro Vila Leopoldina, em São Paulo, a antiga Rua Sérgio Paranhos Fleury, torturador de Frei Tito de Alencar Lima, passa a se chamar Rua Frei Tito de Alencar Lima.

Em Fortaleza, entretanto, nem rua nem avenida nem praça tem o nome desse fortalezense de 1945, dominicano militante contra a ditadura no Brasil dos anos 1960 e 1970, preso político torturado e banido de seu País que exilado na França, atormentado pelas sequelas psicológicas causadas pela experiência da tortura, suicida-se a 10 de agosto de 1974, quase um mês antes de completar 29 anos de idade.

Para lembrar a efervescência sociopolítica do jovem que tragicamente encarna a vanguarda de uma militância revolucionária contra o regime militar seria bem-vinda a inauguração em nossa mátria-cidade de uma rua, avenida ou praça Frei Tito de Alencar Lima onde os citadinos pudessem vivenciar vínculos, travessias, assembleias, um lugar de agitação, reação e conscientização, ponto de partida ou chegada para passeatas de protesto, percurso dos ativistas que agem e reagem contra corruptos, corruptores, milícias, fascistas, racistas, machistas, golpistas, fundamentalistas, terraplanistas, anti-cientistas, anti-ambientalistas entreguistas, armamentistas, anti-feministas, anti-artistas, conservadores defensores da misoginia, da homofobia, da lesbofobia, da transfobia e das políticas que geram as pandemias.


Que nessa Praça, Avenida ou Rua Frei Tito de Alencar Lima as andanças encontrem também procissões e as caminhadas no rumo dos ebós de encruzilhada e até os blocos de sujos, os brincantes suburbanos que exorcizam a ressaca da vida-morte severina com a catarse do carnaval.

Em alguma parte dessa rua, praça ou avenida há de haver, possivelmente, um monumento em pedestal, a escultura de Tito, estátua em reprodução de imagem tão fidedigna, como se seu corpo de bronze na coluna de mármore se tornasse redivivo e se animasse, humanizando-se em movimento e cognição para, então, nos redizer:

- Companheiros, as massas desinformadas precisam ser muito mais mobilizadas. É preciso que haja militância de mais e mais grupos de pressão. Vamos convocar os sindicatos, vamos arregimentar o campesinato. Precisamos conclamar a sociedade civil organizada, precisamos conscientizar toda a população marginalizada. A luta continua. O povo unido jamais será vencido. Temos de continuar tocando o chão sagrado e profano desta e de todas as ruas: a esquerda com todas as suas tendências, dissidências, dissenções, contradições. E todos nós da Igreja que em um engajamento real nos dispomos a salvar as pessoas, os seres humanos, vivos, concretos no tempo e no espaço, transformando, assim, profundamente subversiva, a nossa Fé. Porque sabemos que os brasileiros são herdeiros de séculos de colonialismo e entendemos que o cristianismo não pode se calar diante das injustiças. Devemos lutar por uma nova sociedade. Para esta luta, do povo pelos seus direitos fundamentais, estão convidados todos os que entendem que está escrito, prescrito e nunca proscrito no rito da missa: bem-aventurados são os mal-aventurados que têm sede de justiça.

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