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O território caririense e os desafios das políticas públicas
Foto de Rita Fabiana Arrais
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Economista e mestre em Sociologia. É professora de ensino superior na Região Metropolitana do Cariri, onde atua há mais de 15 anos transmitindo conhecimentos nas áreas de economia, desenvolvimento econômico sustentável e empreendedorismo. É idealizadora do @fontedamulherkariri, um espaço de promoção ao empreendedorismo feminino. Atua no setor público no campo da regulação, controle, avaliação e auditoria em serviços de saúde na cidade de Barbalha

O território caririense e os desafios das políticas públicas

O Cariri é um território rico apenas quanto à diversidade cultural, mas apresenta aspectos políticos e econômicos que moldam os espaços qiue costumam ser ocupados por seus atores sociais
Centro Cultural do Cariri, no Crato, foi entregue neste ano. Interiorização é uma das demandas da classe artística para a nova gestão (Foto: Nívia Uchoa / divulgação )
Foto: Nívia Uchoa / divulgação Centro Cultural do Cariri, no Crato, foi entregue neste ano. Interiorização é uma das demandas da classe artística para a nova gestão

O estudo mais recente divulgado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) traz dados relacionados às desigualdades territoriais de renda no Ceará, ao mesmo tempo em que estimula uma reflexão a respeito das discrepâncias quanto ao maior valor médio de renda mensal de pessoas responsáveis pelo domicílio em cidades da mesma região.

O estudo tem como base o Censo do IBGE de 2022 e o salário mínimo nacional deste ano no valor R$ 1.212,00.

A Grande Fortaleza segue no topo das regiões com maior renda média mensal (R$ 2.609,36), enquanto a Região do Cariri apresenta-se em segundo lugar (R$ 1.570,30).

Buscando analisar de forma sintética o distanciamento ( em relação à renda disposta na pesquisa) entre as cidades de Crato ( R$ 1.910,24), Barbalha ( R$ 1.896,87) e Juazeiro do Norte ( R$ 1.867,85) comparando-as as demais cidades da região, constata-se não só um abismo financeiro, mas também uma ineficácia ( que pode ser superada) de políticas públicas territoriais propostas ao longo de décadas na região.

Para exemplificarmos melhor, as cidades de Araripe (R$ 1.098,46), Santana do Cariri (R$ 1.067,71) e Caririaçu (R$ 1.150,97) revelam valores de renda média mensal abaixo do salário nacional do ano de 2022.

A escolha dessas três cidades não se dá apenas pela questão financeira, mas também pelo fato de se localizarem próximas a um grande centro urbano com ascensão econômica no Nordeste, estamos falando de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. Contudo essa aproximação não promove melhorias no nível de renda das populações locais.

Ainda é comum na região que essas cidades sejam apenas dormitórios para alguns de seus habitantes, pois estes deslocam-se para o centro econômico a fim de encontrarem oportunidades de trabalho e melhores salários que promovam crescimento profissional e desenvolvimento intelectual.

Assim, ao mesmo tempo em que encontram espaços para construírem suas carreiras, impulsionam a economia local ao serem consumidores potenciais do mercado, injetando dinheiro na economia num processo cíclico de ganhos e gastos.

O Cariri é um território rico não só da diversidade cultural, mas traz aspectos políticos e econômicos que moldam os espaços ocupados por seus atores sociais. De acordo com Saquet (2009) " [...] território significa articulações sociais, conflitos, cooperações, concorrência e coesões". Nesse sentido, torna-se menos complicado compreendermos as deficiências das políticas públicas territoriais.

É evidente que não só o Estado territorializa suas políticas. O setor privado executa recortes espaciais priorizando retornos volumosos aos investimentos realizados, impactando a economia e a longo prazo produzindo uma desigualdade, considerável, na renda dos caririenses.

Foto do Rita Fabiana Arrais

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