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Fique de olho na joia mais brilhante do céu
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Romário Fernandes é professor de astronomia no Colégio Militar do Corpo de Bombeiros do Ceará e editor do canal AstronomicaMENTE. É especialista em ensino de astronomia, licenciado em matemática e bacharel em comunicação social. Atua desde 2017 nas áreas de ensino e divulgação da astronomia. É oficial do Corpo de Bombeiros

Romário Fernandes ciência e saúde

Fique de olho na joia mais brilhante do céu

Um convite para você, a cada 15 dias, prestar atenção no que vem do céu a cada noite e perceber a riqueza do que está à vista. A olho nu
Céu de Fortaleza (Foto: divulgação)
Foto: divulgação Céu de Fortaleza

Olhe para o céu hoje à noite. Não importa em que dia está lendo esse texto. Apenas mire o alto. Se estiver em qualquer centro urbano com mais de 200 mil habitantes, onde um em cada três moradores do Ceará vivem, é possível que nada lhe pareça muito empolgante. Mas não se deixe enganar: há muito além do que aquilo que seus olhos veem!

Por isso, faça a si mesmo um favor e continue. Como em quase tudo na vida, o tempo também é aliado de quem persiste quando se trata de observar o céu. Quanto mais se olha para o firmamento, mais se vê. Com o passar dos minutos, graças aos olhos: eles se adaptam pouco a pouco a ver detalhes sutis na mesma paisagem. Com o passar dos dias, graças ao cérebro: ele aprende a reconhecer padrões e a usá-los como base para compreender novas informações.

Se só tiver uns poucos minutos disponíveis, comece tentando encontrar objetos mais brilhantes. Nesse mês de julho, o planeta Vênus brilha intensamente na mesma direção do céu em que o Sol se põe. Desde antes de o céu terminar de escurecer, ele já se apresenta como a joia solitária do oeste. Aliás, sempre que está visível no céu, Vênus aparece no mesmo lado em que o Sol acabou de se por ou está para nascer. É a razão de ele ser conhecido como Estrela d’Alva - sinônimo de "Estrela da Alvorada" - e como Vésper - sinônimo de "entardecer".

Isso acontece porque Vênus caminha em torno do Sol numa órbita mais próxima do que a Terra. Vê-lo daqui é como observar um mosquito dando voltas em torno do poste de luz. Quando ele está atrás ou na frente da lâmpada, não dá pra enxergar. Em qualquer outra posição do seu trajeto, podemos vê-lo mais ou menos afastado dela, mas nunca realmente longe.

Olhar para Vênus é fixar os olhos no ponto mais brilhante que habita o céu terrestre - ele brilha, em média, seis vezes mais do que o planeta Júpiter, o segundo ponto celeste mais destacado. É também olhar para o segundo ponto mais rápido que passeia por lá - de um dia para o outro, só o planeta Mercúrio muda mais de posição no céu do que ele.

E, como se não bastasse o charme individual que lhe rendeu o apelido da deusa romana da Beleza, Vênus protagoniza dois encontros excepcionalmente belos neste mês. No dia 12, ele vai surgir no céu acompanhado de perto pela Lua, fininha, um pouco acima, e de muito perto pelo planeta Marte, só ligeiramente acima. No dia 13, a Lua já estará mais afastada, deixando toda a atenção recair sobre a dupla alvirrubra, que inverte as posições, enquanto protagoniza sua maior aproximação aparente dos próximos anos!

Sim, se você olhar para o poente assim que o Sol sair de cena nesse dia, verá Vênus e Marte mais perto um do outro do que em qualquer outra oportunidade desde 2017, numa configuração celeste que só voltará a se repetir em 2024.

É por essas - e muitas, muitas outras - que reitero o convite: olhe para o céu hoje à noite. Não importa em que dia está lendo esse texto. Apenas mire o alto. Aqui você encontrará quinzenalmente as dicas sobre o que há de mais bonito para ver por lá, a olho nu, da janela da sua casa. Mas se realmente tomar gosto pela coisa - e eu espero de coração poder contribuir para isso - nem o céu é o limite...

 

Foto do Romário Fernandes

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