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Três chuvas de meteoros em três dias
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Romário Fernandes é professor de astronomia no Colégio Militar do Corpo de Bombeiros do Ceará e editor do canal AstronomicaMENTE. É especialista em ensino de astronomia, licenciado em matemática e bacharel em comunicação social. Atua desde 2017 nas áreas de ensino e divulgação da astronomia. É oficial do Corpo de Bombeiros

Romário Fernandes ciência e saúde

Três chuvas de meteoros em três dias

O encontro previsto entre Saturno e Júpiter, previsto para acontecer nos dias 24 e 25, deve representar o último momento de conjunções relevantes do mês de julho

Falávamos quinze dias atrás de como a persistência é aliada do sucesso quando se trata de descobrir tudo de belo e arrebatador que há para se contemplar no céu. Se você seguiu nossa sugestão, já deve ter conseguido ver a joia solitária que atualmente emerge no firmamento no encalço do pôr do Sol.

E se tiver tido sorte, terá testemunhado um encontro excepcionalmente próximo entre Vênus e Marte no dia 13. Mas, independente do que tenha podido ver até aqui, sempre haverá mais. Afinal, o Universo não para!

Nesses próximos dias, vale a pena ficar de olho em duas direções do céu: o sul e o leste. No sul, temos o inconfundível Cruzeiro em suas últimas semanas de boa visibilidade ao anoitecer.

Cruzeiro e Jupiter(Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Cruzeiro e Jupiter

O Cruzeiro, a constelação que gira no céu como o ponteiro de um relógio, com seu eixo sempre apontado para o polo sul celeste, já surge no céu, assim que escurece, "passando do meio-dia", ou seja, a poucas horas de desaparecer no horizonte, como se vê nesta foto, que fiz recentemente.

O Cruzeiro é uma constelação "recente", por assim dizer. Para os gregos antigos, responsáveis pelo batismo de mais da metade das 88 constelações em que o céu é dividido atualmente, ele não passava de um pedaço das patas traseiras do desenho que viam na constelação do Centauro.

Foram os europeus, durante as Grandes Navegações, os primeiros a enxergar naquele pequeno grupo de estrelas uma cruz, imbuída tanto do sentido espiritual associado ao martírio cristão quanto do sentido de orientação decorrente de seu perene alinhamento com o polo sul do céu.

É usando a bússola celeste que os ibéricos descobriram quando tiveram que aprender a se localizar nos mares do sul que você também poderá localizar os principais eventos celestes do fim de julho. De frente para o Cruzeiro, seu braço esquerdo estará voltado para o leste, onde, por volta das 20h, estarão no céu Júpiter e Saturno.

Os dois maiores planetas do sistema solar se destacam, a exemplo do que se vê na imagem a seguir, numa região do céu composta por constelações discretas, sem estrelas brilhantes, como Capricórnio e Aquário.

Nos dias 24 e 25 de julho os gigantes gasosos ganham a ilustre companhia de uma Lua quase cheia que passa sucessivamente perto de Saturno e Júpiter, protagonizando as últimas conjunções relevantes do mês.

Mas o melhor está reservado para os dias seguintes: na mesma região do céu, já mais livre do excesso de luz da Lua, teremos o ponto de irradiação de três chuvas de meteoros diferentes, com picos nos dias 28 e 30!

Chuvas de meteoros são o resultado da passagem da Terra pelo rastro deixado para trás por algum cometa oriundo dos confins do Sistema Solar. Vindo de tão longe, os cometas vêm carregados de gelo e, quando se aproximam do Sol, acabam se desintegrando parcialmente.

Toda vez que a Terra atravessa um rastro de detritos como esse acaba bombardeada por vários deles, daí falarmos do pico de uma chuva de meteoros. Porém, não há perigo: em sua maioria, são fragmentos minúsculos, que se desintegram ao penetrar a atmosfera, originando os riscos luminosos no céu que chamamos de meteoros, mas muita gente conhece como "estrelas cadentes".

Jupiter e Saturno(Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Jupiter e Saturno

No dia 28, teremos o pico das Piscis Austrínidas, uma chuva de meteoros discreta. Já no dia 30, teremos a convergência dos picos de duas chuvas: as Alfa Capricórnidas, muito semelhante à anterior, e as Delta Aquáridas do Sul, essa sim capaz de produzir mais de 25 meteoros por hora! Eis as dicas gerais de observação: procure o lugar mais afastado possível das luzes da cidade, se possível, no interior mesmo.

Ache um local com o máximo de céu livre de postes, prédios, árvores e montanhas. Os meteoros podem surgir em qualquer horário da noite e em qualquer direção do céu. Por isso, todo pedaço de céu livre ajuda a aumentar as chances de flagrar meteoros.

Sente-se confortavelmente, se possível numa cadeira reclinada, e fique de olho no céu por pelo menos uma hora. Não precisa de nenhum equipamento para ver os meteoros, mas precisa de paciência, já que eles vão surgindo pouco a pouco com o passar das horas e quanto mais tempo você ficar observando mais meteoros tende a ver.

Como já deve ter dado para perceber, o cardápio é variado. Há objetos e fenômenos dos mais diversos tipos para se ver no céu todos os dias. E, como em tudo na vida, quanto mais se olha, mais se vê...

Foto do Romário Fernandes

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