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Pronto para ver a Lua Azul nascer amarela?
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Romário Fernandes é professor de astronomia no Colégio Militar do Corpo de Bombeiros do Ceará e editor do canal AstronomicaMENTE. É especialista em ensino de astronomia, licenciado em matemática e bacharel em comunicação social. Atua desde 2017 nas áreas de ensino e divulgação da astronomia. É oficial do Corpo de Bombeiros

Romário Fernandes ciência e saúde

Pronto para ver a Lua Azul nascer amarela?

Está previsto para o próximo dia 22 um dos momentos mais esperados da pauta astronômica. Saiba o que será interessante de observar na oportunidade
Superlua (Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Superlua

Uma das pautas astronômicas mais populares deste mês de agosto será a famosa Lua Azul do dia 22, a única que teremos pelos próximos dois anos. Se você ainda não leu nada sobre ela, certamente lerá pelos próximos dias. Mas o que haverá de interessante para ver no céu nesse dia?

Bom, antes de tudo, o que teremos no dia 22 de agosto é uma bela Lua Cheia! Daquelas que, se a gente flagra nascendo, é presenteado com a visão de um enorme círculo amarelado emergindo do horizonte. E como ela vai brotar no céu por volta das 18h nessa data, as chances de chamar a atenção de quem estiver saindo do trabalho ou da faculdade são grandes! Basta que o horizonte esteja livre na direção leste e o brilho amarelo-alaranjado da Lua nascente será irresistível...

Mas a que horas mesmo ela começa a ficar azul? Melhor não ficar esperando... É que a Lua só fica azul de verdade sob condições atmosféricas específicas, ocasionadas pela presença de vultosas quantidades de partículas no ar. Foi numa situação dessas, registrada em 1883, quando da erupção do lendário vulcão Krakatoa, que surgiram os primeiros relatos conhecidos sobre uma Lua visualmente azul.

Havia tanta cinza vulcânica no céu, que as ondas luminosas mais longas, como o vermelho e o amarelo, acabavam "esbarrando" nela. O que chegava aqui, da luz branca projetada pela Lua na nossa direção, eram as ondas mais curtas, como o azul e o verde. Isso dava uma tonalidade azulada à Lua, que, segundo relatos da época, durou cerca de dois anos.

Como não há nenhuma erupção vulcânica de proporções colossais em vista, nem estamos num período de seca extrema, capaz de projetar no ar, diretamente, toneladas de poeira ou, indiretamente, enormes quantidades de cinzas decorrentes de incêndios florestais, é possível dizer com segurança que a Lua Azul deste mês não parecerá azul aos nossos olhos.

Mas, então, por que essa Lua Cheia é chamada de Lua Azul?

Porque se convencionou chamar assim, ao longo das últimas décadas, a Luas Cheias "excedentes", que fogem à regra geral de termos apenas uma Lua Cheia por mês – e, por tabela, apenas três Luas Cheias a cada estação.

A Lua leva 29,5 dias para dar um giro completo no céu e voltar a nascer aproximadamente no mesmo horário e com o mesmo aspecto. Por isso, costumamos ter uma Lua Cheia a cada mês. Porém, quando ocorre de a Lua Cheia cair no dia 1º num mês com 31 dias, voltamos a ter uma Lua Cheia ainda no mesmo mês. Ela é chamada de Lua Azul, mesmo que não mude de cor.

Exatamente por essa assincronia entre o ciclo lunar e a duração dos meses, ocasionalmente, podemos acabar tendo quatro Luas Cheias no intervalo de tempo de cerca de 90 dias que caracteriza cada uma das estações do ano. A deste mês será justamente uma Lua Azul desse tipo, chamada de sazonal. Infelizmente, também sem mudança de cor.

Mas, anime-se: não é só de fenômenos de nome impactante, mas pouca substância, que vive o céu de agosto!

Teremos agora de 11 a 13 de agosto o pico das Perseidas, uma das chuvas de meteoros mais conhecidas do ano. Da meia-noite em diante as condições se tornam mais favoráveis para a visualização dos belos riscos luminosos que vão cortar os céus nesses dias. Tanto mais quanto mais afastado das luzes da cidade você estiver, claro.

Lua Azul
Lua Azul (Foto: DIVULGAÇÃO)

Um céu livre de postes, prédios, árvores e montanhas também favorece bastante a observação desse que é um dos tipos de fenômenos celestes mais bonitos de se ver a olho nu. Afinal, os meteoros podem surgir em qualquer direção do céu. Aí é se acomodar confortavelmente e dedicar pelo menos uma hora à observação celeste. Quem sabe você não tem a mesma sorte que eu tive nas Delta Aquáridas do Sul, no final de julho, e flagra um belo meteoro cruzando a Via-Láctea, como registrado na foto acima?

Céus limpos e ótimas observações!

 

Foto do Romário Fernandes

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