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O que revelam as primeiras imagens da BepiColombo sobre o planeta mais próximo da Terra?
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Romário Fernandes é professor de astronomia no Colégio Militar do Corpo de Bombeiros do Ceará e editor do canal AstronomicaMENTE. É especialista em ensino de astronomia, licenciado em matemática e bacharel em comunicação social. Atua desde 2017 nas áreas de ensino e divulgação da astronomia. É oficial do Corpo de Bombeiros

Romário Fernandes ciência e saúde

O que revelam as primeiras imagens da BepiColombo sobre o planeta mais próximo da Terra?

O comboio de naves, uma europeia e a outra japonesa, deixou a Terra em 2018 e, após fazer sobrevoos no nosso próprio planeta e em Vênus, finalmente chegou ao seu destino final
Tipo Opinião
Foram divulgadas as primeiras imagens de Mercúrio produzidas pela missão BepiColombo (Foto: @BepiColombo / BBC News Brasil)
Foto: @BepiColombo / BBC News Brasil Foram divulgadas as primeiras imagens de Mercúrio produzidas pela missão BepiColombo

Neste sábado foram divulgadas as primeiras imagens de Mercúrio produzidas pela promissora missão BepiColombo. O comboio de naves, uma europeia e a outra japonesa, deixou a Terra em 2018 e, após fazer sobrevoos no nosso próprio planeta e em Vênus, finalmente chegou ao seu destino final.

Porém, apesar de ter passado a meros 200 km de Mercúrio dessa vez, a BepiColombo ainda está longe de realizar as investigações que motivaram seu lançamento. É que para se estabilizar em órbita de um planeta muito menor e mais próximo do Sol do que a Terra, ela precisa fazer várias aproximações graduais, até alcançar a distância e a velocidade adequadas para cair de fato sob o domínio gravitacional de Mercúrio e só então iniciar os trabalhos pra valer.

Por isso, essas primeiras imagens são meros aperitivos do que está por vir. Não acrescentam, por ora, nada de relevante ao que as duas missões anteriores a sobrevoar Mercúrio, a Mariner 10 e a MESSENGER, já haviam revelado. Quando muito, os registros mostram que equipamentos secundários de monitoramento da BepiColombo estão funcionando corretamente, três anos após terem deixado o solo terrestre.

A partir de dezembro de 2025, quando finalmente estará em Mercúrio pronto para dar início às pesquisas, o comboio se dividirá em duas naves independentes. A Mercury Planetary Orbiter (MPO) se dedicará a estudar a forma, o interior, a estrutura, a geologia, a composição e as crateras do planeta menos conhecido do Sistema Solar interior. Sabemos que Mercúrio tem um núcleo desproporcionalmente grande, equivalente a 85% de seu diâmetro, contra, por exemplo, 20%, no caso da Terra. Espera-se que os dados que a MPO vai levantar ajudem a entender melhor essa condição peculiar, que é descrita mais detalhadamente aqui.

Por sua vez, a Mercury Magnetospheric Orbiter (Mio) vai investigar o campo magnético planetário de Mercúrio. Surpreendentemente, ele é o único planeta rochoso do Sistema Solar, além da Terra, a possuir uma magnetosfera. Marte e Vênus, planetas sensivelmente maiores, não dispõem dessa proteção natural contra o poder destrutivo dos ventos solares. Compreender como e por que isso acontece é uma das missões da Mio.

Para encerrar, um esclarecimento sobre o que eu disse no título: apesar de contraintuitivo, na maior parte do tempo, Mercúrio é o planeta que se encontra mais perto da Terra! Se Vênus e Marte podem alcançar distâncias menores de nós do que ele, o fato de terem órbitas mais afastadas do Sol do que Mercúrio faz com que eles também possam alcançar distâncias bem maiores em relação à Terra. E quando se põem as distâncias médias na ponta do lápis, por meio do Método Ponto-Círculo, chega-se à conclusão de que o menor planeta do sistema mantém uma distância média daqui cerca de 9% menor do que a que Vênus ostenta e 1/3 menor do que a de Marte.

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