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A pluma vulcânica que está tingindo o céu do Ceará
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Romário Fernandes é professor de astronomia no Colégio Militar do Corpo de Bombeiros do Ceará e editor do canal AstronomicaMENTE. É especialista em ensino de astronomia, licenciado em matemática e bacharel em comunicação social. Atua desde 2017 nas áreas de ensino e divulgação da astronomia. É oficial do Corpo de Bombeiros

Romário Fernandes ciência e saúde

A pluma vulcânica que está tingindo o céu do Ceará

Entenda por que o nascer e o pôr do sol no Ceará tem apresentado tonalidades rubras e violáceas
Céu de Paramoti em cor violácea durante o fim de semana na localidade do Ceará, em virtude da erupção de vulcão em Tonga. (Hibernon Almeida / Especial Para O POVO) (Foto: Hibernon Almeida / Especial Para O POVO)
Foto: Hibernon Almeida / Especial Para O POVO Céu de Paramoti em cor violácea durante o fim de semana na localidade do Ceará, em virtude da erupção de vulcão em Tonga. (Hibernon Almeida / Especial Para O POVO)

O evento se deu longe, praticamente do outro lado da Terra. Mas seus efeitos têm sido perceptíveis aqui em solo alencarino. A tonalidade especialmente rubra e violácea do céu nos momentos de nascer e pôr do Sol é a pista de que parte do material lançado na atmosfera pelo vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha’apal, três semanas atrás, encontra-se sobre a região da Terra onde vivemos.

A erupção do vulcão submarino foi a mais forte registrada na Terra nos últimos 30 anos. Tão forte que superou em centenas de vezes a potência da Little Boy, a famosa bomba atômica lançada pelos americanos contra Hiroshima em 1942. Com a explosão, milhares de toneladas de poeira e gases acabaram sendo lançados à ionosfera, a última camada da atmosfera terrestre onde se verificam fenômenos capazes de afetar de forma sensível nosso planeta.

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Além de ocasionar o aumento nos níveis de concentração de gás carbônico, a pluma vulcânica confere essa coloração incrível ao céu, graças a um fenômeno bem conhecido de desvio de uma parte dos raios luminosos que vêm do Sol por esse material.

Ao cruzar a atmosfera, as porções mais azuladas dos raios solares costumam ser desviadas e espalhadas pelas moléculas de nitrogênio e oxigênio que compõem o ar terrestre, originando o tom azul do céu. Quando o Sol está nascendo ou se pondo, há uma camada mais extensa de ar entre nós e o Astro-Rei, o que leva a um desvio mais acentuado da luz solar, que atinge também o amarelo e o laranja e costuma gerar as belas cores que associamos aos finais da tarde e da madrugada.

Céu de Fortaleza em cor rubro no amanhecer desta segunda-feira, 7/2/2022, em virtude da erupção de vulcão em Tonga. (Romário Fernandes / Especial Para O POVO)
Foto: Romário Fernandes / Especial para O POVO
Céu de Fortaleza em cor rubro no amanhecer desta segunda-feira, 7/2/2022, em virtude da erupção de vulcão em Tonga. (Romário Fernandes / Especial Para O POVO)

No caso atual, as cinzas vulcânicas têm um poder singular de desviar inclusive o vermelho da luz solar, tingindo a abóbada celeste de tons tão bonitos quanto incomuns.

Por isso mesmo, vale a pena ficar de olho nos próximos pores e nasceres do Sol!

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