Passada definitivamente a época chuvosa, o céu noturno volta a ser um manancial de joias cósmicas fáceis de observar. É claro que quanto mais longe das luzes da cidade, mais bonito o céu fica. Mas, independentemente disso, os planetas e as estrelas mais brilhantes podem ser vistos a olho nu até dos bairros mais iluminados de Fortaleza. Eis, a seguir, o roteiro para a melhor observação celeste a ser feita da janela de casa.

Tudo começa pelo oeste. É lá que o céu termina, por assim dizer. Afinal, nosso planeta gira ao redor de si de oeste para leste, o que faz com que os objetos celestes pareçam surgir no leste e desaparecer no oeste. Então, como regra, começamos as observações celestes pelos objetos que já vão sumir abaixo do horizonte.

Ali, no poente, pelo menos até o fim de setembro, é o planeta Mercúrio quem mais se destaca no início da noite. O planeta mais próximo do Sol surge no céu assim que o Astro-Rei se esconde, bem próximo de onde ele some. Trata-se de um ponto luminoso moderadamente brilhante que quebra a regra geral para se diferenciar planetas de estrelas: mesmo fazendo parte do primeiro grupo, ele pisca! Isso acontece devido às proximidade com o horizonte. Mesmo que em regra os planetas não pisquem, até eles, quando estão muito próximos do horizonte, acabam cintilando como as estrelas e pela mesma razão: a interferência da atmosfera, que degrada a luz e causa ligeiras interrupções no fluxo luminoso.

Ainda no oeste, pouco acima e à direita de Mercúrio, Arcturus, a quarta estrela mais brilhante do céu, chama a atenção. Essa gigante laranja 30 vezes maior do que o Sol é a estrela principal da constelação do Boieiro e pode acabar sendo confundida com o planeta Marte por quem não conheça bem o aspecto do Planeta Vermelho.

Mas, para contemplar nosso rubro vizinho planetário é preciso esperar um pouco mais. Lá no nascente, quem já brilha forte no início da noite é Saturno, o segundo maior planeta do nosso sistema. Como já surge um pouco mais alto, quando o Sol se põe, o Senhor dos Anéis brilha sem piscar, numa tonalidade branca-amarelada inconfundível naquela região do céu.

À média que as horas passam, surgem sucessivamente, naquela direção do céu, os planetas Júpiter, Marte e Vênus. O maior planeta da nossa vizinhança surge por volta das 19h30min, com um brilho branco sem paralelo em todo o céu naquele momento. Como ainda é cedo da noite, vale a pena mirar o leste para contemplar esse belíssimo ponto de luz!

Mais tarde, por volta das 23h30min, finalmente Marte surge com sua cor inconfundível, ainda que com um brilho bem menos fulgurante do que o de Júpiter. Por fim, apenas poucos minutos antes de o Sol nascer, o objeto mais brilhante do céu noturno depois da Lua dá as caras. Vênus surge, pouco antes das 4h30min, porém num céu que já começa a sofrer os efeitos da luz solar. Devido a isso, sua aparição acaba não sendo tão majestosa quanto poderia, infelizmente.

Por fim, é preciso dizer que tudo pode ficar mais fácil, com a ajuda de um bom app simulador do céu, e melhor, com a ajuda de um instrumento óptico, como um telescópio ou um bom binóculo.

Céus limpos!