James Webb detecta CO2 em exoplaneta e eleva as expectativas sobre sistema planetário promissor
Romário Fernandes é professor de astronomia no Colégio Militar do Corpo de Bombeiros do Ceará e editor do canal AstronomicaMENTE. É especialista em ensino de astronomia, licenciado em matemática e bacharel em comunicação social. Atua desde 2017 nas áreas de ensino e divulgação da astronomia. É oficial do Corpo de Bombeiros
James Webb detecta CO2 em exoplaneta e eleva as expectativas sobre sistema planetário promissor
Planeta é um gigante gasoso maior do que Júpiter, localizado a 700 anos-luz da Terra
No embalo de várias detecções pioneiras, o James Webb acaba de fazer mais uma: capturou pela primeira vez a presença de gás carbônico em um planeta localizado fora do nosso sistema.
O planeta em si é um gigante gasoso maior até do que Júpiter, localizado a 700 anos-luz daqui. Orbitando sua estrela a apenas 12% da distância que separa Mercúrio do Sol, estima-se que ele tenha uma temperatura superficial média de 1600 graus.
As condições desse planeta são insuportáveis para qualquer coisa remotamente parecida com a vida. A bem da verdade, praticamente todo o material sólido que existe na Terra, se submetido à temperatura superficial desse planeta, seria reduzido a gases.
Porém, essa detecção inédita de CO2 num planeta tão distante eleva as expectativas sobre os frutos de outra observação já realizada, e atualmente sob análise, pelo James Webb. Trata-se do entorno de uma estrela vizinha, localizada a apenas 40 anos-luz daqui.
A TRAPPIST-1, que fica mais perto de nós do que a grande maioria das estrelas que podemos ver a olho nu no céu, nem é em si tão de especial. É uma anã vermelha, o tipo mais comum do Universo, com menos de um décimo da massa do Sol e pouco mais de um décimo do diâmetro dele.
O tesouro potencial que se encontra ali é o sistema planetário que orbita em torno dela. São sete planetas, quatro deles localizados na chamada "zona habitável" da estrela.
Zona habitável é como se costuma chamar à faixa de distâncias do entorno de uma estrela na qual a incidência da luz e do calor nem é grande demais para que a água fique no estado gasoso, nem é pequenas demais para que a água fique no estado sólido. Isso, é claro, desde que existam naquela região um ou mais objetos dotados de atmosfera. Afinal, a água em estado líquido só é viável sob algum tipo de pressão, seja de um solo planetário, seja de uma atmosfera.
Então o primeiro e grande objetivo dos pesquisadores que apontaram o James Webb para o sistema TRAPPIST-1 é descobrir se os planetas apelidados pelas letras d, e, f e g possuem ou não atmosferas.
Caso possuam, essa descoberta vai se somar a duas evidências interessantes já conhecidas: a que sugere que se tratam todos eles de planetas rochosos e a que indica que possuem temperaturas médias menores do que a da Terra - mas dentro da faixa de temperaturas registrada regularmente na superfície do nosso planeta.
Se houver atmosfera em planetas com tais características, o próximo passo é analisar a composição dos gases que circundam o astro. Algum deles, como o oxigênio e o ozônio, dificilmente existiriam em quantidades detectáveis sem que houvesse seres vivos ali para produzi-los. Infelizmente, como ocorre na Terra, há uma grande chance de esses gases, em existindo lá, estarem concentrados nas regiões inferiores da atmosfera, o que torna difícil, mesmo para o James Webb, identificar sua presença.
Outros gases, porém, como o gás carbônico e o metano, são possíveis subprodutos da atividade biológica mais fáceis de detectar. Por isso mesmo, podem entrar na mira dos pesquisadores imediatamente após um cenário de confirmação atmosférica em planetas como os do sistema TRAPPIST-1.
Uma vez caracterizadas todas essas condições, a atenção maciça dos pesquisadores dedicados à astrobiologia certamente se voltaria para o sistema. A essa altura, este conjunto singular de planetas já não seria mais simplesmente um sistema promissor: seria o local do Universo dotado das condições mais favoráveis à vida depois da Terra!
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