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Júpiter "ganha" 12 novas luas e volta a ser o planeta com mais satélites no Sistema Solar
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Romário Fernandes é professor de astronomia no Colégio Militar do Corpo de Bombeiros do Ceará e editor do canal AstronomicaMENTE. É especialista em ensino de astronomia, licenciado em matemática e bacharel em comunicação social. Atua desde 2017 nas áreas de ensino e divulgação da astronomia. É oficial do Corpo de Bombeiros

Romário Fernandes ciência e saúde

Júpiter "ganha" 12 novas luas e volta a ser o planeta com mais satélites no Sistema Solar

Agora, o Rei dos Planetas tem 92 satélites, contra os 82 de Saturno
Captadas pelo telescópio Webb, imagens de Júpiter foram divulgadas pela Nasa  (Foto: NASA/ Telescópio James Webb)
Foto: NASA/ Telescópio James Webb Captadas pelo telescópio Webb, imagens de Júpiter foram divulgadas pela Nasa

Que Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar todo mundo sabe. Com mais massa do que todos os demais planetas da nossa vizinhança juntos, o gigante gasoso é disparado o rei dos planetas nesta região da galáxia.

Já no quesito "número de satélites", as coisas são menos óbvias. Nos últimos 100 anos, graças ao aprimoramento gradual da tecnologia, Júpiter e Saturno se alternaram várias vezes no topo do ranking. Desde 2019, a vantagem estava com o "Senhor dos Aneis", graças à descoberta de 20 novas luas, que conferiram a ele um total de 82 satélites, contra 79 de Júpiter.

Uma pesquisa publicada nessa semana, porém, impôs mais uma reviravolta a essa disputa: 12 novas luas somaram-se a uma que havia sido descoberta nesse meio tempo para recolocar o Rei dos Planetas na dianteira, chegando à casa das 92 luas.

É verdade que essa dúzia de habitantes recém-descobertos do nosso Sistema tem dimensões modestas — e põe modestas nisso: o maior deles não tem mais do que 3 km de diâmetro, ou seja, tem menos de um milésimo do tamanho da Lua que embeleza nossas noites.

Mas é que o conceito de lua é extremamente amplo. Basta um objeto natural orbitar um planeta, qualquer que seja seu tamanho, para ser considerado uma lua, que é sinônimo de satélite natural. Há inclusive luas que orbitam outros tipos de objetos, como asteróides.

Ou seja, com um critério tão abrangente, não será de se estranhar se nos próximos anos o número total de luas de Júpiter e Saturno avançar decididamente pela casa das centenas.

O maior interesse científico nessas descobertas reside na possibilidade de compreendermos cada vez melhor a história do Sistema Solar. É que entre as luas de Júpiter encontramos vários exemplos de objetos que apresentam uma trajetória retrógrada, ou seja, em sentido contrário ao da rotação de Júpiter e ao da revolução das luas principais em torno do planeta.

Tais objetos, ao que tudo indica, foram capturados pela poderosa gravidade de Júpiter em diferentes momentos do passado. Conhecê-los melhor nos ajuda a entender como as coisas costumavam ser por aqui antigamente. Quem sabe quão completo será esse panorama quando tivermos avançado pela identificação de 200 ou 300 luas na dupla de gigantes gasosos?

Até lá, muitas mudanças no "ranking" ainda devem acontecer. Estudos preliminares já indicam que Saturno pode ter, sozinho, mais luas do que todo o restante dos planetas do sistema solar somados. Júpiter, por sua vez, tem tudo para carregar ao redor de si muitas luas mirins como as recém-anunciadas.

E nós, aqui da plateia, vamos ficando na torcida pelas surpresas que nos reserva o mais belo dos espetáculos: a ampliação gradual do nosso entendimento do Universo graças às ferramentas únicas da ciência!


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