"Outono" e "equinócio" são duas palavras difíceis de separar. Tão difíceis quanto distantes da realidade do cearense. Afinal, quem é que se lembra de andar nas ruas de Fortaleza cheias de folhas amareladas fazendo um tapete sobre a calçada? E quem é que se lembra o que é equinócio, a não ser que ainda consiga guardar na memória as lições da escola?

A verdade é que mesmo sem perceber como essas duas palavras se materializam no nosso cotidiano, as ideias que elas descrevem fazem parte sim da realidade de todo habitante do planeta.

Outono é como a gente chama um dos períodos do ano em que a luz do Sol — e por tabela o calor que ela traz — está chegando de forma equilibrada nos dois hemisférios da Terra. E equinócio é o nome do dia em que começam esses períodos. No caso, hoje, 20 de março, é o equinócio de outono do hemisfério Sul, assim como o dia 23 de setembro será o equinócio de primavera desta banda do planeta.

É claro que aqui, para nós, o clima funciona de uma forma bem diferente daquela que vemos em filmes e livros europeus e americanos. Na verdade, mesmo para brasileiros que moram abaixo da Bahia o ciclo climático é muito diferente do nosso.

Basicamente, nós temos uma estação chuvosa, que sempre ocorre do verão (dezembro a março) para o outono (março a junho), e outra estação seca, que corresponde ao restante do ano. Fora isso há apenas algumas variações que envolvem maior ou menor quantidade de vento e chuvas esparsas, em algumas épocas do ano.

Essa ausência de quatro estações claramente definidas é fruto da nossa proximidade com "o meio da Terra", a famosa linha do Equador. Quanto mais perto se vive da linha imaginária que reúne todos os pontos da superfície do planeta que estão à mesma distância dos dois polos geográficos, menor é a variação climática que se percebe ao longo do ano.

Em todo caso, não deixe de ser curioso como o 19 de março, dia de São José, aquele consagrado pela tradição popular ao padroeiro das chuvas, fica tão próximo do equinócio de outono. 20 de março. Datas marcantes, uma religiosa e outra científica, importantes, cada uma a seu modo, na definição do clima, convergindo para nos lembrar que a benção que se derrama do céu, mais que valiosa, é essencial para nos garantir colheita farta, água disponível e um clima mais ameno.

Feliz equinócio e muitas chuvas para nós todos!