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Vênus vai aparecer "encangado" com a Lua nesta sexta-feira, 24
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Romário Fernandes é professor de astronomia no Colégio Militar do Corpo de Bombeiros do Ceará e editor do canal AstronomicaMENTE. É especialista em ensino de astronomia, licenciado em matemática e bacharel em comunicação social. Atua desde 2017 nas áreas de ensino e divulgação da astronomia. É oficial do Corpo de Bombeiros

Romário Fernandes ciência e saúde

Vênus vai aparecer "encangado" com a Lua nesta sexta-feira, 24

Lua e Vênus lado a lado nos céus cearenses (Foto: Romário Fernandes / AstronomicaMENTE)
Foto: Romário Fernandes / AstronomicaMENTE Lua e Vênus lado a lado nos céus cearenses

De um lado, um planeta tão bonito de ver que recebeu o nome da deslumbrante deusa da beleza. Do outro, uma Lua discreta, misteriosa, mais iluminada por uma luz fraca, rebatida pela própria Terra, do que pelo brilho fulgurante do Sol. É essa "parêa" composta pelos dois astros mais brilhantes do céu noturno que vai passear encangada no início da noite desta sexta-feira.

A dupla poderá ser vista antes mesmo de o céu terminar de escurecer, graças à intensidade com que brilha. A conjunção acontece no poente e poderá ser vista sem a ajuda de qualquer tipo de equipamento até pouco depois das 19 horas, quando ambos os astros desaparecem sob o horizonte.

Diferentemente das estrelas, a Lua e os planetas não têm posição fixa no céu. O Cruzeiro do Sul e as Três Marias, por exemplo, compostos por estrelas localizadas a centenas de trilhões de quilômetros daqui, mantêm a mesma posição entre si desde os tempos do tataravô do seu tataravô. Não é que essas estrelas estejam paradas de fato: elas estão apenas tão distantes que o movimento que realizam é extremamente difícil de se perceber daqui.

Já os objetos localizados dentro do nosso sistema mudam de posição aparente diariamente. Quanto mais próximos de nós, inclusive, maior a mudança, já que estamos falando de um deslocamento causado pela soma dos movimentos de todos os envolvidos, inclusive nós mesmos, ao redor do Sol. No caso da Lua, ainda é preciso considerar a revolução dela em torno da Terra, movimento que se completa muito mais rápido do que a translação de qualquer planeta e que acontece muito mais perto de nós também.

Graças a essa incrível dinâmica do nosso sistema, temos mudanças regulares de posição que acabam permitindo esses encontros fortuitos entre a Lua e os planetas, assim como entre os próprios planetas.

Quando envolvem a Lua, esses encontros ficam ainda mais bonitos se ela está próxima da fase nova, ou logo antes ou logo depois. Isso porque a porção diretamente iluminada pelo Sol, que corresponde às partes brilhantes que tanto nos chamam a atenção, está com aquele aspecto finíssimo, enquanto a maior parte do nosso satélite encontra-se sob uma iluminação fraca chamada de luz cinérea.

Essa "luz ensombreada" nada mais é do que luz solar refletida pela Terra na direção da Lua. Só podemos vê-la nesses dias, em que a maior parte da porção iluminada da Lua está de costas para nós, porque é quando a luz solar direta está fraca o suficiente para não encandear o fraco brilho cinéreo.

Céus limpos e boas observações!

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