Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC, é especialista nas áreas de História da Arquitetura e do Urbanismo, Teoria de Arquitetura e Urbanismo, Projeto de Arquitetura e Urbanismo e Patrimônio Cultural Edificado. Escreve para o Vida & Arte desde 2012.
Partiu há alguns dias o grande comunicador. Sim, meninos e meninas, eu também fui (ou sou, não sei) fã de rádio. Até hoje crente de que, quando o mundo acabar, as ondas hertzianas vão dar a notícia alguns segundos antes, na minha infância e adolescência, vivia pendurado nos Semps, Transglobes e Cibrigs da vida. Talvez a minha capacidade de imaginar as coisas, apesar da televisão já existir à época, tenha sido construída pelas narrativas mirabolantes dos radialistas de então. Wilson Machado, José Lisboa, Jurandir Mitoso, Cid Carvalho, entre tantos outros, com suas potentes vozes e imensa facilidade de persuasão, faziam-me pressupor, lágrima a lágrima, gota de sangue a gota de sangue, gargalhada a gargalhada, as situações relatadas. O teatro da vida real.
Todavia, com ele era diferente. De voz mansa, modulada, rosto de quem tinha acabado de sair do banho, passava aos ouvintes doçura e credibilidade. Nascido em 1931, filho de José Limaverde, um dos pioneiros do rádio cearense e nome de avenida, e Leda Sobreira, de sobrenomes do velho e bom Cariri, começou sua exitosa carreira em 1954 na vetusta PRE-9, logo ganhando a alcunha de "Locutor dos brotinhos". Versátil, em 1960, tornou-se o primeiro apresentador de televisão do estado, participando da fundação da TV Ceará Canal 2, dos Diários Associados de Assis Chateaubriand. Ah, quantos programas dele assisti, inclusive as transmissões dos corsos de carnaval da década de 1970 na Avenida Duque de Caxias, com o brother Paulo Limaverde.
Sua trajetória profissional honrou sobremaneira diversos veículos de comunicação importantes, tais como a Rádio Jornal do Comércio de Recife, a Rádio e TV Verdes Mares, a Rádio e TV Uirapuru, a AM Cidade, a Rádio Assunção Cearense, a Rádio FM d'O POVO e a Rádio FM Assembléia, onde trabalhou por 15 anos. Ao final, contabilizava 68 anos de radialista. Certa feita, na TV Educativa, onde também labutou, fui por ele entrevistado, quando, à época, estava à frente do IPHAN/CE. Chegou sorridente e, apertando a minha mão fria, perguntou-me se estava nervoso. Disse-lhe que sim e muito, por estar diante de um dos meus ídolos. Ele riu-se e disse-me que, apesar de sisudo, não mordia. Apresentei-me como ex-aluno do seu consogro Nearco. Maravilha!
Mas o tempo passa. Mudamos de hábitos, esquecemos costumes, adotamos outras práticas, vida que segue. Vivemos neste consumo on-line e cotidiano de notícias, no mais das vezes péssimas, principalmente quando se trata do Brasil. O pensamento voa e me transporta para um dia no qual, às voltas com o parecer de tombamento da sede do Clube Maguary, ocorreu-me pedir a ajuda do meu herói, assíduo freqüentador da casa, para que ele me concedesse um depoimento. Através do seu filho Sérgio, meu contemporâneo do Colégio Cearense, mandou-me um texto longo e elucidativo, recheado de deliciosas memórias. No arremate do relato, confidenciou-me ser fã do que aqui quinzenalmente escrevo. Com estes meus olhos molhados, digo: Ave, Narcélio!
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