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De mitos e mitos
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Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC, é especialista nas áreas de História da Arquitetura e do Urbanismo, Teoria de Arquitetura e Urbanismo, Projeto de Arquitetura e Urbanismo e Patrimônio Cultural Edificado. Escreve para o Vida & Arte desde 2012.

De mitos e mitos

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Tipo Crônica

Ensina-nos o surrado pai dos burros, com mais de 50 anos de cotidiano manuseio: mito significa "relato fantástico de tradição oral, geralmente protagonizado por seres que encarnam as forças da natureza e os aspectos gerais da condição humana; Coisa ou pessoa fictícia, irreal; Lenda". O homem, para explicar o que não sabe ou compreende e para se justificar ou redimir, é o criador dessa fantasmagoria, tida como algo divino e possuidor de predicados inimagináveis. Claro que há também, por trás de tudo isso, uma estratégia de poder, de dominação do outro, da domesticação de pensamentos e desejos em benefício de alguém ou de um grupo, processo que tem na construção de uma imagem forte o seu cerne. Tão antigo quanto o mundo, é o mito, este fascínio...

Deixando a profundidade de lado, no ano que passou, muitas dessas figuras mitológicas puseram uma moeda na boca, pegaram uma carona no barco de Caronte e atravessaram o Estige, indo para o lado de lá. Na cena internacional, a Rainha Elizabeth II, apreciadora de gim e de quem se esperava, junto com o Keith Richards e as baratas, resistir à próxima hecatombe nuclear, papocou com linha, carretel, calambote e tudo. Na mesma pisada, o papa Bento XVI, o cardeal Ratzinger. A primeira, a que soergueu a combalida coroa britânica, superando escândalos de todo tipo. O segundo, o prócer da ala conservadora do Vaticano, que o diga Leonardo Boff (para não dizer papa Francisco). Duas personas respeitadas em seus respectivos meios, com seus defeitos e virtudes.

Em Pindorama, vimos a Magra arrastar para seus domínios ídolos que críamos eternos. Elza Soares, que passou de sambista e mulher do Garrincha a uma poderosa diva defensora da carne negra, a mais barata do mercado. Erasmo Carlos, o Tremendão, parceiro do Rei Roberto em inúmeras canções, foi curtir sua fama de mau nos campos celestiais. Gal Costa, a bela doce bárbara cantora baiana, cujos trinados ainda ecoam nos meus ouvidos. Pelé, com seu branco uniforme do Santos, inigualável capitão-mor da pelota, fez multidões no planeta se ajoelhar e reverenciá-lo, relembrando o frisson que a passagem de Ayrton Senna para o andar de cima causou no mundo. Por estas bandas, meus emblemáticos amigos Liberal de Castro e Campelo Costa deixaram saudades...

Mas, deixemos de coisa e cuidemos da vida. No alvorecer de 2023, Lula pintou de vermelho a Esplanada dos Ministérios em Brasília, mostrando que emergiu renovado da odienta e injusta prisão para dirigir o Brasil como líder popular que é. Recebendo a faixa presidencial de representantes do povo brasileiro, numa das mais simbólicas cenas da história política do País, evidenciou quem será prioridade no seu governo. Dois dias antes, um psicopata ressentido, mal educado e chorão fugiu de avião para os EUA, abandonando seus súditos nas portas dos quartéis pedindo a volta à ditadura. "Flórida acima de todos, Disney acima de tudo e potes de Kentucky Fried Chicken!", deve ter dito o tal imbecil, com aquela pavorosa voz fanha de linguinha presa. Mito?! Aí dentro, Guarany!

 

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