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Correndo atrás da bola
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Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC, é especialista nas áreas de História da Arquitetura e do Urbanismo, Teoria de Arquitetura e Urbanismo, Projeto de Arquitetura e Urbanismo e Patrimônio Cultural Edificado. Escreve para o Vida & Arte desde 2012.

Correndo atrás da bola

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Tipo Crônica

À memória de Francisco Nunes Rodrigues (Pacoti)

Não sou nenhum Serginho Amizade, meu bom amigo e colega de jornal, mas já dei muita carreira atrás de bola por aí. Jogar futebol sempre foi meu passatempo predileto, principalmente quando a arquitetura entrou na minha vida, vez que a noção de espaço e tempo é fundamental no esporte. O diabo é que o peso aumentou, os joelhos não aguentaram o tranco e parei com a coisa. Virei comentarista esportivo, como costumo dizer. Os anos de várzea deram-me uma certa cancha para ler o jogo, num tempo em que abundam jogadores bonzinhos e mercenários, craques em seus times e nulidades na seleção. Bem, como agora afunilam a Copa do Brasil e o Nordestão e começa o Brasileirão das Séries A e B, é hora de analisar as chances dos nossos dois times e torcer.

O Tricolor do Pici vem de três vitórias fora de casa, uma delas na Argentina e contra o time do papa Francisco. O Leão está voando, dirigido pelo inteligente Juan Pablo Vojvoda, para mim o melhor técnico do pebol brasileiro. Destaco a postura dos jogadores do Fortaleza, que parecem ter saído da torcida para jogar, tal é o denodo com que se empenham. Outro detalhe relevante: chega a ser uma humilhação olhar para o banco do time, onde só há craque, reflexo de uma diretoria organizada e que enxerga longe. Em campo, os atletas disputam as jogadas tal como um esfomeado parte para cima de um prato de picanha. Haja raça e disposição! Dá gosto ver o time jogar, mesmo para quem, como eu, é do outro lado. Tem tudo para fazer boa figura nas competições. Chiba, Leão!

Já o meu Alvinegro Famoso da Ilha das Cobras anda mal das pernas, muito por conta de administrações desastradas, responsáveis por contratações ruins, retrato de suas incompetências. Jogadores inexpressivos, treinadores idem, os quais dão a impressão de terem sido apresentados no vestiário, formam a base dos maus resultados que embrulham os estômagos e enfartam os corações dos torcedores do Vozão. Nos dois primeiros jogos da Série B, o Mais Querido amargou cinco gols sem fazer um qualquer. Segura a lanterna, o que enche o povo do Kanal de vergonha. Para substituir o coach paraguaio, que não fedia nem cheirava, trouxeram um ilustre desconhecido, cujo sobrenome soa como estilo arquitetônico. Que seja bem sucedido, é o que queremos. Avante, Ceará!

Na saída para o almoço (Bar do Vicente mesmo...), seguindo por uma viela da Piedade, simpático enclave urbano que disputa com a Gentilândia o posto de o mais charmoso de Fortaleza, dou com garotos batendo bola no meio da rua. Só por isso essa turma já deveria ser reverenciada, num tempo como este em que a garotada passa o dia com a cara enfiada no computador. Uma entrada mais dura, canela fina contra canela fina, e o cacete começa. O pensamento voa e vai bater em Nelson Rodrigues: "A mais sórdida pelada é de uma complexidade shakespeariana". Aparto a briga, chamo os dois litigantes à razão e peço a bola para dar uns pezinhos. Mal consegui dar três. Aquele que um dia abalou com as suas jogadas a Aerolândia e adjacências perdeu a manha. Respeite a vaia...

Foto do Romeu Duarte

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