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Entre altos e baixos
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Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC, é especialista nas áreas de História da Arquitetura e do Urbanismo, Teoria de Arquitetura e Urbanismo, Projeto de Arquitetura e Urbanismo e Patrimônio Cultural Edificado. Escreve para o Vida & Arte desde 2012.

Entre altos e baixos

Tipo Crônica

Semaninha trepidante esta que passou. Parafraseando o Paulo Limaverde, um dos meus heróis, a sucessão de acontecimentos se sucede sucessivamente sem cessar e às vezes nos atropela nesta nossa vida desatenta. A velocidade com que os fatos se dão, intensificada pelo bulício das redes sociais, é de deixar qualquer um doido. Os jornais, de escassa alegria, deixam as nossas mãos tintas de sangue. Dia desses, um amigo meu disse que só assistia a seriados e a desenhos animados antigos na sua TV. Disse-lhe que entendia perfeitamente o seu caso, eu que só ouço canções do tempo do ronca. Mas se é isso o que tem para hoje, façamos desses ácidos limões não uma ingênua limonada, mas uma gostosa caipirinha que nos embriague de lucidez. Seria isso pedir muito, Senhor?

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado incinerou por unanimidade a tal PEC da Bandidagem, ops, da Blindagem, que nem precisou ir a plenário. Não fez isso por altruísmo ou espírito democrático e sim por medo da opinião pública, manifestada nas grandes concentrações do último dia 21/09 nas capitais do País. Resta agora o infame projeto da anistia, renomeada de dosimetria, mas que, na verdade, é apenas patifaria, que tem como relator paulinho da força (ou seria da fossa?) e no rol de apoiadores os defuntos políticos temer e aécio never. É algo incrível como a extrema direita insiste em defender inconstitucionalidades para tentar salvar da cadeia criminosos contumazes. Suas investidas são repelidas por boa parte da população, que parece ver quem prejudica e atrapalha o Brasil.

32 hectares da Floresta do Aeroporto desmatados. Prefeitura calada, governo do Estado idem. Ibama surpreso. Depois do fato consumado, Sema e Semace decidem suspender a licença da empresa responsável pelo absurdo. Em 1963, quando vim residir aqui, moramos numa casa no então Adjacento Field, o velho Campo de Aviação situado no interior da Base Aérea. Naquele tempo, as árvores já eram frondosas. Talvez os cearenses não gostem de pés de pau por conta do atávico receio das emboscadas dos indígenas nos tempos coloniais. Contudo, o que causa espécie é a rapidez com que os alemães, donos do aeródromo, estão se transformando em alencarinos, o que é deixado a nu agora com tal espetáculo de dendroclastia. E pensar que entre Frankfurt e o seu aeroporto há um bosque...

Num tiroteio assassino, dois garotos mortos numa escola de Sobral, com mais três feridos. Comoção geral na cidade, no Estado e no País. Assim como queria fazer no congresso, tornando-o seu refém, o crime agora está pretendendo tomar o sacrossanto, risonho e franco espaço escolar, capilarizando-se nas instituições e dominando territórios. Como no vetusto adágio da falta de pão, todos reclamam e ninguém tem razão. Resta-nos comemorar o soberbo discurso do presidente Lula na ONU, uma verdadeira aula de dignidade e soberania, em contraste com os arrotos verbais do chefe do império decadente (que parece que fez o L) e do genocida sionista, que acabou discursando para uma platéia cheia de ninguém. Enquanto isso, em Gaza, há calor, poeira, fome e o brilho de alguma esperança.

Foto do Romeu Duarte

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