Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC, é especialista nas áreas de História da Arquitetura e do Urbanismo, Teoria de Arquitetura e Urbanismo, Projeto de Arquitetura e Urbanismo e Patrimônio Cultural Edificado. Escreve para o Vida & Arte desde 2012.
Está aberta a temporada de extermínio dos papudinhos e dos biriteiros. O papagaio de pirata imaginário que vive aboletado no meu ombro esquerdo, curioso que só, me pergunta qual a diferença entre os dois tipos de pinguços. Respondo-lhe que o papudinho é aquele que vive para beber enquanto o biriteiro bebe para viver por ter uma relação hedonista com a vida. Insistente, o bicho me pergunta a qual categoria pertenço. Mando-o caçar o que fazer. Trato o assunto na base do aniquilamento dos bebedores pelo fato de sempre ter havido bebida falsificada à farta, porém nunca ao ponto de levar a óbito aqueles chegados aos destilados. Algo assim deve ser considerado homicídio doloso, cometido por quem tem a intenção de matar. Seria raiva de quem molha o bico?
O clima anda meio complicado no ecossistema (argh!) dos bares fortalezenses. Dia desses, um vereador com um nome esquisito (e que não se perca por este) e daquele tipo que ninguém sabe como chegou à Câmara, resolveu anunciar a morte do Seu Raimundo do Queijo. Comoção geral na cidade. Meu celular quase pegou fogo de tanta chamada que recebeu. Equívoco desfeito, baixou o espírito galhofeiro do Bode Ioiô propondo a festa da ressurreição daquele que nunca morreu, agora monumento vivo. Pense num regabofe, uma real manifestação de carinho e apreço do povo de Fort City pelo nosso querido taberneiro. Uma penca de políticos esteve presente aproveitando o ensejo para tirar foto com o dono do pedaço, entre eles o tal edil, que, além de um duro carão, levou uma bela vaia...
Todavia, nem tudo por aqui é metanol misturado à água que passarinho não bebe. Há alguns dias, o Paraíba, proprietário do bar homônimo, inteirou cem janeiros com uma grande comemoração. Aquele que talvez seja o botequim-raiz mais antigo ainda em operação em Fortaleza (em disputa renhida com o Bar Vitória, no Centro) acha-se à Rua Dom Jerônimo, 256, no Benfica, artéria esta em cuja extremidade sul encontra-se o vetusto Solar dos Monte, lar do escritor e amigo Aírton Monte, o eterno ocupante deste espaço de crônica. Mas, voltando ao Paraíba, o cabra é invocado, faz o que quer e bem entende. A cachaça vem acompanhada de uma cumbuca com um supimpa feijão gordo. O cliente elogia a iguaria e pede mais. Não há força divina que faça o bodegueiro trazer o pedido.
Como já começa a nevar, as renas voam pelos ares e as crianças fazem bonecos de neve nas calçadas, é hora de nos prepararmos para as festividades de fim de ano. O Bar do Seu Nonato, na heráldica Gentilândia, completará 65 primaveras de contínua existência e resistência etílica neste dezembro. O estabelecimento é daqueles dotados de balcão feito para criar calo nos resilientes cotovelos dos frequentadores. A cultura lá é a da arenga mútua entre a turma do funil e o gentil (às vezes, nem tanto) gerente da taberna, com chistes impagáveis, tiradas espirituosas e piadas grossas, tudo o que caracteriza uma baiuca de escol. Por falar nisso, escrevendo no sábado, já me organizo para pousar no Bar do Vicente e na Embaixada. Sem essa de wine-bars, gastrobars e rooftops, caros meirelers.
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