Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC, é especialista nas áreas de História da Arquitetura e do Urbanismo, Teoria de Arquitetura e Urbanismo, Projeto de Arquitetura e Urbanismo e Patrimônio Cultural Edificado. Escreve para o Vida & Arte desde 2012.
Como dizia o Tom Jobim, o Brasil não é para principiantes. Mesmo com a tal polarização, esperava-se que, com o núcleo central da camarilha golpista vendo o sol nascer quadrado, pudéssemos ter um pouco de paz e sossego de maneira a tocarmos a vida numa nice. Que nada, turma boa, o show de horrores segue em frente. Encontra-se em cartaz a ocupação dos espaços políticos pelo crime organizado. A lembrança da canção do Chico é inevitável: "Malandro com aparato de malandro oficial, malandro candidato a malandro federal, malandro com retrato na coluna social, malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal". Boa parte da classe política comendo nas mãos das facções e trabalhando para sustentá-las. Antes, facção era moda; hoje, a moda é facção.
Muita gente boa considera que esse esforço concentrado dos governadores de direita no sentido de afastar a PF das investigações criminais em seus estados, vez que a criminalidade está espalhada em todo o País, é um fenômeno nacional, é apenas o temor de serem, ou de colaboradores seus, pegos na rede de arrasto. Propôs-se uma lei anti-crime, elaborada com as intenções de dar visibilidade a um governador reacionário pré-candidato à presidência da República e abrir a possibilidade de potências estrangeiras (leia-se EUA) intervirem em assuntos nossos, a qual, mesmo tendo sido refeita várias vezes, foi amplamente rejeitada. A classe média (sempre ela) comemora a matança carioca enquanto a PF, sem gastar bala, destruiu um sistema bilionário de corrupção que abalou a Faria Lima.
Neste grand-guignol político há absurdos e escândalos para todos os gostos. Tem deputado federal-réu exercendo mandato remoto, dando prejuízo à nação e apresentando emendas milionárias sem ser ao mínimo chamado à atenção pela direção da casa. Tem lobos chantagistas liliputianos em pele de cordeiro querendo usurpar direitos fundamentais alheios. Tem gente propondo PEC com efeito retroativo para livrar o réu-mor da Papuda. Tem presidente de Câmara dando serviço para deputado comedor de picanha ligado a facção dar no pé. Tem vereador que vai ter o Natal mais farto da vida. Tem prefeito foragido há mais de ano por ter cometido travessuras e ninguém sabe dele. Tem pastor bandido, senador alcoolizado aos berros em carro de som, o cardápio é variado.
Mas o fato inusitado é o fascismo brazuca em crise. Bolsonarismo x Michellismo parece ser a bola da vez. Na última vez em que dona micheque esteve em Fort City, o cão saiu da garrafa. Sorridente (aliás, depois que o marido foi preso, ela só aparece rindo), porém firme, criou um clima de barata-voa na convenção que sacramentou a candidatura a governador daquele senador que, dizem, não tem voto nem para colocar numa rifa. Detonou certa figura local, em prol de uma chapa direitista pura, indo de encontro às determinações do réu-mor, que pregava o voto na tal figura "com o nariz tapado". Fim de carreira é osso. Súbito, o rachadinha 01 anuncia-se como candidato do pai ao pleito presidencial de 2026. A notícia queimou o relé da Bovespa e aumentou o dólar. Sanatório geral!
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