Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC, é especialista nas áreas de História da Arquitetura e do Urbanismo, Teoria de Arquitetura e Urbanismo, Projeto de Arquitetura e Urbanismo e Patrimônio Cultural Edificado. Escreve para o Vida & Arte desde 2012.
Numa frase: ludopédio alencarino, teu nome é incompetência. É o tempo de reconstruir equipes, mandar jogadores caros embora, contratar outros baratos (que podem custar caro), misturar maracujina com calmantes e aguentar as finas e as grossas das torcidas, ambas decepcionadas
Mais de duas semanas já se passaram do acontecido e eu ainda estou triste. Ainda não digeri o rebaixamento do Ceará para a Série B do Campeonato Brasileiro. Aliás, digestão difícil, pois o Fortaleza também caiu para o mesmo grupo naquele fatídico 7 de dezembro de 2025. "Quer dizer então que o fofinho lamenta também a sorte do Láion (argh, tudo menos isso!)?!", perguntarão os nelsonrodrigueanos idiotas da objetividade. Respondo na lata: claro, o futebol não se restringe apenas à disputa do campeonato local. O ano começa logo com o tal "manjadinho", que não motiva mais ninguém a não ser quando da realização do Clássico-Rei e, logo após, começa a pedreira de um certame traiçoeiro com times sem muita expressão. Aliás, como os nossos, que nisto se transformaram.
O futebol cearense é hoje um muro de lamentações. O Vozão, com seu time de operários bonzinhos e esforçados, fracassou nos últimos jogos, quando teve 15 pontos ao seu dispor e só ganhou um, degringolando na única vez que entrou no Z4. O Fortaleza, depois de uma campanha horrorosa, construída com três técnicos, na qual passou quase toda na rabeira, teve uma melhora grande na reta final sob Palermo, mas os vacilos foram fatais. Faltou às duas equipes o que é fundamental no futebol: fazer o dever de casa bem feito, ou seja, vencer as partidas aqui. Uma outra grande lição que ficou é que não existe mais lugar para treinador medroso, covarde e retranqueiro. Quem não tem a ousadia de ganhar merece perder. Agora, é refazer cálculos, diminuir orçamentos, apequenar-se...
Numa frase: ludopédio alencarino, teu nome é incompetência. É o tempo de reconstruir equipes, mandar jogadores caros embora, contratar outros baratos (que podem custar caro), misturar maracujina com calmantes e aguentar as finas e as grossas das torcidas, ambas decepcionadas. Vale dizer que as hinchadas cumpriram à risca o seu papel. As galeras alvinegra e tricolor ficaram no Top-4 em média de público no campeonato passado, só perdendo mesmo para a do Flamengo e a do Corinthians, as duas maiores do Brasil. Ou seja, não faltou apoio, faltou foi aplicação e vontade. No bar, um amigo, entre um gole de uísque e outro, vaticina: "o campeonato será longo, muito longo". Muito mais longo, penso eu, será o caminho de volta à elite do pebol nacional. Alguém tem dúvida?
No final da tarde do dia da dupla queda, no botequim, os semblantes dos fregueses se pareciam com aqueles dos personagens do filme "O sétimo selo" de Ingmar Bergman. Em transe depressivo, não acreditavam no que estavam vendo. Tanto tempo perdido defronte à televisão para assistir dolorosamente ao aviltamento, que se deu de forma abraçada e na triste e infausta companhia de Juventude e Sport. É hora também de mudar de hábitos, reinventar-se. De engolir o choro e aceitar que a vida segue o seu rumo inexorável. Às vezes, uma boa chapuletada obra milagres. Já estou me organizando para comprar pacotes televisivos da Série B. Consultei um amigo torcedor do Leão, que não perdeu a piada: "É boa, um kanal atrás de um canal!", caindo na risada. Vamos em frente.
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