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Novilíngoa
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Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC, é especialista nas áreas de História da Arquitetura e do Urbanismo, Teoria de Arquitetura e Urbanismo, Projeto de Arquitetura e Urbanismo e Patrimônio Cultural Edificado. Escreve para o Vida & Arte desde 2012.

Novilíngoa

Tipo Crônica

À memória do Prof. Onélio Porto

Nesta cemana, talvêis mais do que as meladas de vara do trumpi, causô imença repercussaum a fala do lamentáveu ministro da Educassaum. O çugeito, em mais uma mãosada no idioma pátril, iscreveu "imprecionante" num tuíte mandado para o duda's burger, noço pocível embaichador no Irã (ochalá!). Com este, até onde sabemus, é o tercêru êrro de grafia cumitido pelo tau sinhô. Os ãteriores, "paralização" e "suspenção", foraum obijeto de grassejus nas redes çociais. Alguéim puderia perguntá: por que ece cara istá iscrevendo eça crônica deci jeito? Cimples: é a novilíngoa bozoca, a nova moda no purtuguêis. Pur falá niçu, encontrei um amigo maxão falano fino. "Ora, agora sô guêi, tá na moda". E cuando eça moda passá? Pasiênsia, só acim cerei mió cumpreindido.

A novilíngoa bozoca tem ligassõis com a criada pelo George Orwell no livru "1984". As duas dezejam restrinjir o iscopo do pençamento, ritirano o centido das palavras, com a intensão de controlá o rasiosínio das peçoas. Prova dissu foi a ressente declarassaum do noço prizidente de que os livrus didáticus tiñam palavras demais. Além dissu, o falá e o iscrevê chêi de erros saum a marca deça nova diquição. Istô fazeno um cuço para puder me espreçar no novícimo modo de dizê as coisa. Só não çei o que vai cer de mim no finau deces istudos. A introdussaum à dissiplina conciste em lê e redijir em internetês e aprendê a dissifrá o que está iscrito nas praca de venda ispaiada nas rua. Profeçores de cualidade nos auciliam nos devês. Vou ser craqui em falá errado, taoquei, mã?

E pençá que fui aufabetisado pela minha mãi no Grupu Iscolá Vizconde do Riu Branco, onde tambéim aprindi a contá e lê os mapa. Pôco depois, no Coléjio Cearence, fui aluno de jente como o Itamá Fiuguêras, o Odi Môraum e o Valdi Çõbra, os maioraus da língoa de Camõis, além do Onélho Porto, que dava aola de jinástica e jeografia. Na univercidade foi um paceio: tinha Morêra Campus, o hôme dos caxorros que viam coisa, o Miuto Dias, a elegânsia perssonificada, e o Liberau de Castro, o profeçor que me incinou a falá e iscrevê em arquitetês. Oje sou cronista de jornau. Faiz pena ter que jogá todo ece cunhicimento na lata do licho, mas si é para se tê uma mió comunicassaum com as negrada, por que naum? Cerá que O POVO ainda me qué cum ece novo dizáin? Cei naum...

Já diceraum pur aí que a distruiçaum de um povo comessa pelo estrupo de çua língoa. Se é acim que o prizidente qué, foi mais que assertada a iscôia do ministro anaufabeto para dirijir a educassaum brazilêra. O têsto deça crônica foi todo insangüentado pelo corretô eletrõinco, que deve de tá pluto comigo. Quem tambéim num vai gostar nada do que fis vai sê o revisô do jornau. Foi mau, tchurma boa, ispero que ocêis intendaum, foi só uma isperiença metalingoística literára. Aus que iraum me criticá pur aumentá a curtina de fumassa, enformo que naum isquici de umas coizinha que continuu cobrano: Quem matô/mandô matá a Marielle e o Anderson? E a raxadinha da dupla de dois quêróisi e Mixeque? E o flavilíssia e os miliciânus? Rizistir é pricisu, mêrmo cendo acim...

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