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Sim, uma vergonha
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Cineasta e escritor

Sim, uma vergonha

A tentativa de calar críticos, por meio da confusão conceitual entre "antissionismo" e "antissemitismo", é um artifício cruel para silenciar oposições e proteger um projeto colonial baseado na força bruta
CRIANÇAS vasculham destroços ​​após ataque israelense que atingiu a casa de uma família palestina em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, em 23 de maio de 2025 (Foto: Bashar TALEB / AFP)
Foto: Bashar TALEB / AFP CRIANÇAS vasculham destroços ​​após ataque israelense que atingiu a casa de uma família palestina em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, em 23 de maio de 2025

Em períodos de autoritarismo, é um dever humanitário erguer a voz contra a barbárie. O mundo observa com perplexidade o genocídio realizado por Israel em Gaza e na Cisjordânia ocupada, agora expandido com bombardeios aéreos no Líbano, Iêmen, Síria e com o recente ataque ao Irã - uma provocação insana que poderá levar o mundo a uma Terceira Guerra Mundial. O inominável Benjamin Netanyahu e sua coalizão, de orientação colonialista e de extrema-direita, têm promovido a necropolítica que transformou Israel em um posto avançado dos interesses obscuros norte-americanos e europeus.

Mais de sessenta e oito mil civis palestinos, em sua maioria mulheres e crianças, já perderam a vida, centenas de milhares estão feridos e mutilados; hospitais, escolas, instalações da ONU e comboios de ajuda têm sido alvos de mísseis, enquanto água, comida e energia são bloqueadas para subjugar um povo por meio da fome e de bombardeios indiscriminados.

Por questões éticas, rejeito o neofascismo e a retórica "civilizatória" que tenta normalizar os massacres e o terror. Uno a minha voz à de judeus como Noam Chomsky, Norman Finkelstein, Breno Altman, Ilan Pappé, Uri Davis e Shlomo Sand, bem como a outros intelectuais, rabinos progressistas e sobreviventes dos campos de concentração nazistas, que se posicionam ao lado de milhões de pessoas que denunciam a limpeza étnica, o apartheid e os crimes de guerra israelenses.

A tentativa de calar críticos, por meio da confusão conceitual entre "antissionismo" e "antissemitismo", é um artifício cruel para silenciar oposições e proteger um projeto colonial baseado na força bruta. A ONU e a Corte Internacional de Justiça investigaram as responsabilidades; relatórios, vídeos e testemunhos escancaram a barbárie que alguns procuram dissimular sob o rótulo de "combate ao terror", enquanto usurpam terras e recursos naturais.

Permanecer em silêncio é ser cúmplice. Cabe ao jornalismo - e a cada ser humano - identificar os responsáveis, exigir um cessar-fogo imediato, corredores humanitários e a punição dos perpetradores de crimes genocidas. As vozes do mundo unidas têm o poder de transformar gritos isolados em um coro capaz de interromper a marcha da morte. A história julgará os omissos, os colaboradores e os executores deste genocídio. Não ficaremos calados diante dessa vergonha.


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