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O que pensam de mim
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Rossandro Klinjey é palestrante, escritor e psicólogo clínico. Autor vários de livros, é consultor em temas relacionado a comportamento, educação e família, além de colunista da Rádio CBN. Foi professor universitário por mais de dez anos, quando passou a se dedicar à atividade de palestrante

Rossandro Klinjey comportamento

O que pensam de mim

Tipo Opinião

“Mas, o que as pessoas irão falar?”. Essa é a pergunta que mais destrói sonhos e mais paralisa vidas. Sei que não existe nada mais humano do que se sentir aceito. Todos nós temos esse desejo.
Aliás, o projeto humano é fruto da nossa escolha de estarmos juntos, pois foi justamente por isso que vencemos enquanto civilização. Assim, a necessidade de pertencimento está dentro de cada um de nós. O problema desse anseio, tão humano e natural, é o exagero, e quando o colocamos como meta essencial de nossas vidas nos preocupamos, demasiadamente, com o que os outros pensam sobre nós, gastamos uma energia enorme com isso, e tiramos o foco de várias coisas mais importantes em nossa vida.
Somos especialistas em analisar os sinais que vem dos outros: um olhar, o tom da voz, a expressão facial, tudo em busca de ler pistas sobre que julgamento as pessoas estão fazendo sobre nós. Muitas pessoas desenvolvem duas estratégias clássicas quando isso acontece: umas se mantem mal e terminam por permitir que o outro comprometa sua autoestima ou, na ânsia por aceitação, se esforçam demais para serem queridas e aceitas, sempre colocando as outras pessoas em primeiro lugar, podendo com isso se tornar uma espécie de bobo da corte ou serem usadas pelos outros, que se aproveitam dessa carência. E o resultado disso, é um profundo e imenso esgotamento emocional.
Todavia, por que será que algumas pessoas são mais afetadas que outras? Como você deve imaginar, existe aí uma forte relação com nosso passado e com nossa dinâmica familiar.
Em muitas famílias, o afeto é algo que deve ser conquistado com muitas exigências a serem atendidas, de modo que sempre lutamos para sermos vistos, aceitos e amados. Quando não conseguimos essa atenção e amor, um sentimento de inadequação, de menos valia e de vergonha toma conta de nós, o que nos obriga a fazer tudo para sermos amados.
Brené Brown, uma especialista no tema, em seu livro A coragem de ser imperfeito, nos esclarece algo fundamental ao nos dizer:
“O esforço saudável é focado na pessoa: como eu posso melhorar?”
“O perfeccionismo é focado nos outros: o que eles vão pensar?”

Bem, não sei o que aconteceu na sua infância: se foi amado, se foi agredido física ou verbalmente, ou as duas coisas. Se exigiram muito de você, se lhe impuseram metas inalcançáveis, lhe levando a vergonha e frustração, ou se você foi comparado com outras pessoas, enfim. A verdade é que talvez você nunca consiga uma explicação clara que lhe faça entender o porquê você dá tanta importância ao que os outros pensam sobre sua pessoa. Você apenas sente o peso dessa luta por aceitação, que pode estar lhe esgotando e tirando suas forças.
Claro que não podemos ignorar o que pensam de nós o tempo todo, mas também não podemos o tempo todo dar importância demasiada ao que as pessoas pensam.
O mais lamentável nessa busca por aceitação é ver como o tiro sai pela culatra, pois quanto mais buscamos e mendigamos esse amor e essa atenção, mais as pessoas se distanciam, provocando, em nós, uma grande ferida emocional.
Isso acontece porque estamos dando importância ao que os outros pensam, deixando de ouvir em nossos corações o que realmente desejamos e necessitamos. Por isso, deixo com vocês agora duas reflexões finais sobre a opinião dos outros: uma delas diz, em tom cômico: “no dia em que a opinião dos outros pagar as minhas contas, vou pensar em levá-las em consideração...”. A outra, mais profunda e verdadeira é: “aprendi a ignorar certas opiniões para preservar o que mais importa: a minha paz”.

Foto do Rossandro Klinjey

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