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Rossandro Klinjey é palestrante, escritor e psicólogo clínico. Autor vários de livros, é consultor em temas relacionado a comportamento, educação e família, além de colunista da Rádio CBN. Foi professor universitário por mais de dez anos, quando passou a se dedicar à atividade de palestrante

Rossandro Klinjey comportamento

Doar é receber

Tipo Opinião

Quantas perguntas nos vem à cabeça, especialmente quando a gente escuta frases que dizem muito, e, às vezes, dizem pouco.
Por exemplo, fica sempre um pouco de perfume nas mãos de quem oferece rosas? As vezes a gente vulgariza tanto os gestos, que tudo fica banal, até uma frase como essa. Tem até uma música muito linda. Mas, acontece que é uma verdade. Não importa que você ache piegas ou que alguém já tenha dito, e você ache que tenha recebido uma mensagem no WhatsApp, que é uma frase sem sentido, mas ela tem todo sentido.
Sempre que alguém ilumina o outro, se ilumina primeiro. Sempre que alguém estende a mão pro outro, deu sua própria alma pra si primeiro.
Só dá quem tem muito, e mesmo quem tem pouco quando resolve dar, consegue extrair aquilo que nem conhecia de si. Portanto, é verdade, as pessoas conseguem sempre que se colocam na condição de servir, conhecer características suas que nem imaginava.
Quantas pessoas se resgataram finalmente quando resolveram resgatar?
Quantas pessoas saíram da depressão quando resolveram levantar, abrir a janela, ver o sol e, mesmo com uma tristeza profunda, com uma profunda vontade de voltar para a cama, se cobrir de novo e fugir do mundo, doendo a alma, como quem tem dores articulares terríveis, a alma doendo, como se cada canto dela doesse como os ossos, a pessoa ainda assim insistiu, e percebeu que esse movimento foi ficando cada vez mais fácil a cada dia.
Porque muitas vezes é assim, oferecendo que muitas vezes recebemos. Muitas vezes é assim, saindo de nós é que nos encontramos.
Esse é o movimento da vida, o movimento de quem está disposto a fazer encontra sempre o melhor.
Quantos de nós percebeu que, ao ajudar, na intenção de imaginar "vou fazer a diferença na vida do outro," conseguiu, mas sobretudo percebeu que o outro que foi ajudado, fez diferença na sua vida?
Quantas vezes, até mesmo as vezes com arrogância ou prepotência, a gente sai e diz que não vai ajudar aquelas pessoas, aquela comunidade, e mesmo chegando lá com coisas que nós temos e aquela comunidade não tenha, aquela pessoa não tenha, recebemos coisas impalpáveis?
As vezes, numa cesta básica, nós recebemos um sorriso de gratidão que preenche nosso coração, como nenhuma dispensa cheia de supermercado.
Essa é a experiência da vida. Portanto, sempre fica perfume nas mãos de quem oferece rosas. Mas também ficam espinhos nas mãos de quem só leva o caule seco, sem rosas e com espinhos.
Aquilo que a gente oferece diz muito daquilo que a gente vai ter de volta. Portanto, a gente tem que pensar sempre nesse movimento. É melhor sempre dar muito mais, lembrando o que disse santo Agostinho: "se o homem soubesse como é bom ser bom, seria bom por egoísmo”. Porque até mesmo movido por esse egoísmo, no sentido de saber o que vai receber, a gente doe.
E mesmo que o movimento inicial seja esse, a gente vai acabar descobrindo que até o egoísmo se desmonta, ante um gesto de doar-se, até o egoísmo perde a força, até o egoísmo fica enrubescido, tem vergonha de ser, quando se movimenta para entregar e receber de volta.
A rosa que a gente entrega, ela volta de outra forma, mesmo que seja fazendo nossa consciência despertar.

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