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Aprendendo a discordar
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Rossandro Klinjey é palestrante, escritor e psicólogo clínico. Autor vários de livros, é consultor em temas relacionado a comportamento, educação e família, além de colunista da Rádio CBN. Foi professor universitário por mais de dez anos, quando passou a se dedicar à atividade de palestrante

Rossandro Klinjey comportamento

Aprendendo a discordar

Tipo Opinião

Talvez você esteja se cansando dessa polarização que tomou conta do País. Talvez você não esteja mais aguentando mais tantos conflitos nos grupos de WhatsApp, entre amigos, na família, em nome de políticos que nem sequer suspeitam de sua existência.
Ok, vamos combinar, a maioria de nós não tem nenhuma habilidade em discordar. Muitos pensam que discordar da realidade é sinônimo de luta.
Isto é um erro. Portanto, devemos esclarecer que discordar tão somente significa não concordar com uma ideia ou opinião de alguém. E isso não precisa representar uma ameaça ou uma queixa pessoal contra alguém.
Discordar é saudável, já que revela sua forma única de ver o mundo e os temas da vida, permitindo-lhe ter suas opiniões pessoais, e não ser um mero defensor de ideias prontas.
Opa! Eu ouvi ideias prontas? Você já parou para pensar quantas das coisas que você defende nem sempre é tudo o que você pensa? Não estará apenas fazendo coro ao que os outros dizem?
Isso não é opinião pessoal. Isso é tão somente reprodução, repetição irrefletida das ideias dos outros.
Discordar é argumentar de forma inteligente para enriquecer o processo comunicativo e o próprio relacionamento.
Lamentavelmente, em nossos dias, as pessoas tem discordado sem nenhum respeito, acirrando uma polarização infantil e maniqueísta, onde duas pessoas acreditam que possuem a verdade absoluta, de tal modo que ninguém se escuta, só havendo agressão e gritaria.
Uma luta para denegrir a forma do outro pensar, invalidando todo argumento, por mais verdadeiro que seja. Estamos diante de uma disputa onde ninguém vence, e todo mundo perde.
Na tentativa de ajudar a manter o debate e o discordar maduro, seguem algumas sugestões.
Não leve o que foi dito como pessoal. Assim você verá como ameaça e nenhuma discussão irá ocorrer, pois você irá querer contra-atacar, contra-argumentar e jamais escutar. Por isso aprenda a realmente ouvir antes de discordar.
Não subestime a opinião do outro. Achar que quem discorda de você é estúpido, alienado, contaminado, desprovido de inteligência e manipulado, muitas vezes pode estar revelando mais de você, do que do outro.
Escute seu tom de voz e releia seu texto antes de publicar. Quando estamos ansiosos por pura e simplesmente discordar, somos movidos por instintos, de tal modo que os argumentos deixarão de ser importantes e seremos movidos pelo combustível corrosivo do discordar, por discordar.
Muitas vezes, calar é o melhor. Na vida, em muitos momentos, é melhor ter mais do que razão, pois as pessoas acreditam no que querem e no que podem. Às vezes, elas querem mudar de opinião, mas não podem. Ou porque não tem maturidade, informações corretas, estão cercadas de pessoas que não deixam que elas vejam o mundo de forma diferente, possuem rigidez mental e dificuldade de mudanças, entre tantos outros motivos. Às vezes, elas até podem mudar de opinião, mas não querem. Ou por conveniência política, ou porque tem prazer em discordar em qualquer assunto, ou porque se alimentam e adoram qualquer conflito.
Lembre-se de quando alguém fica em silêncio, não é porque concorda ou foi convencido de sua visão de mundo. Que fique bem claro. Você tem o direito de discordar. E fazer isso de modo equilibrado não é omissão, como muitos pensam. Gritar e vociferar não é participar de um debate, e sim de um embate sem fim.
Como disse um amigo: “Como entender uma sociedade que se divide para debater a sujeira do óleo, mas se une para espalhar a sujeira do óleo?”.
A escolha será sempre sua, de ser um instrumento da paz, ou do conflito.

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