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Eu não preciso da "bênção" católica para casais homoafetivos
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Rubens Rodrigues é jornalista, editor de Cidades do O POVO. Nesta coluna, trata de assuntos ligados a raça, diversidade e direitos humanos

Eu não preciso da "bênção" católica para casais homoafetivos

Orientação da Igreja Católica reforça segregação
Tipo Opinião
Documento que permite bênção a casais homoafetivos é assinada pelo papa Francisco (Foto: Reprodução / Adobe Stock)
Foto: Reprodução / Adobe Stock Documento que permite bênção a casais homoafetivos é assinada pelo papa Francisco

Lugar onde se encontra amparo, proteção; refúgio. Essas são algumas das definições do Michaelis para a palavra acolhimento.

Contudo, não são essas as coisas que penso quando leio sobre o documento “Fiducia supplicans”, que permite bênçãos pastorais a casais homoafetivos. Isso mesmo, não me sinto acolhido.

A declaração da Igreja Católica foi feita no último dia 18 pelo Vaticano, em uma tentativa tacanha de se aproximar de um público historicamente segregado.

Ao introduzir o documento, o cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do gabinete do Vaticano, disse que a decisão compreende "a possibilidade de abençoar casais em situação irregular e casais do mesmo sexo sem validar oficialmente o seu estatuto ou alterar de alguma forma o ensinamento perene da Igreja sobre o casamento".

Afirmou ainda que "nunca deverá ser concedida em simultâneo com as cerimônias de uma união civil, e nem mesmo em conexão com elas. Nem pode ser realizado com roupas, gestos ou palavras próprias de um casamento".

Em outras palavras, a declaração reforça a impossibilidade de casais homoafetivos de se casarem. Reitera que, para nós, não há direito a essa escolha. Coloca-nos como apartados, marginalizados.

Ao O POVO, o arcebispo da Arquidiocese de Fortaleza, dom Gregório Paixão, disse que "o que o documento deseja é acolher". Na mesma matéria, o padre Lino Allegri tratou a declaração assinada pelo papa Francisco como "uma grande conquista e uma esperança de passos maiores".

Permitam-me discordar.

Não vejo a orientação como um passo para que o matrimônio homoafetivo seja realidade no futuro. Tampouco vejo uma igreja mais progressista. Ainda que, no fim, este seja tão somente meu ponto de vista — o que só diz respeito a mim. E eu não preciso da bênção católica.

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