Rubens Rodrigues é jornalista, editor de Cidades do O POVO. Nesta coluna, trata de assuntos ligados a raça, diversidade e direitos humanos
Rubens Rodrigues é jornalista, editor de Cidades do O POVO. Nesta coluna, trata de assuntos ligados a raça, diversidade e direitos humanos
Seis em cada dez indígenas que vivem em áreas urbanas brasileiras convivem com pelo menos uma doença crônica. Hipertensão arterial, problemas de coluna vertebral, colesterol alto e depressão estão entre os principais diagnósticos.
A informação é da pesquisa inédita da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), publicada na quinta-feira passada, 26, na revista Saúde em Debate e divulgado pela Bori.
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Ainda de acordo com o estudo, que cerca de 35% dos indígenas com 20 anos ou mais que vivem fora das aldeias no Brasil têm duas ou mais enfermidades.
A mais prevalente entre idosos e mulheres é a hipertensão arterial, popularmente conhecida como pressão alta. Os indígenas com mais de 60 anos são também os que mais apresentam problemas na coluna vertebral (29%) e com o controle do colesterol (26%).
A idade média de homens e mulheres indígenas que vivem fora de aldeias é de 45 anos.
O estudo mostra ainda que 66% tem rendimento de até um salário mínimo e 67% tem o ensino fundamental completo, dado educacional crescente em relação aos censos demográficos anteriores.
O levantamento também mostra que cerca de 90% que vivem em áreas urbanas não têm plano de saúde privado, dependendo exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS).
Coautora do estudo, Deborah Malta, da UFMG, aponta que o mapeamento revela uma mudança no estilo de vida da população indígena que vive em centros urbanos, assim como de outros grupos populacionais.
“As prevalências elevadas de doenças crônicas não transmissíveis neste grupo podem decorrer de mudanças de estilos de vida, piora na alimentação, aumento da expectativa de vida e aumento da obesidade’’, diz.
Ainda de acordo com a pesquisadora da UFMG, a população indígena do Brasil ainda depende muito do SUS, especialmente aquela que vive em aldeias e em áreas isoladas, como os ianomâmis.
Essa população tem situação “agravada frente às invasões de suas terras, destruição de rios e florestas e piora de sua saúde, com aumento de desnutrição, malária e doenças infecciosas, em decorrência de falta de políticas de proteção durante o governo Bolsonaro’’, diz Malta.
Ela destaca que ainda há muito o que avançar no que se refere à equidade, embora o Governo Federal tenha adotado iniciativas para reduzir as desigualdades, como a criação do Ministério dos Povos Indígenas.
O levantamento inédito do perfil de saúde da população indígena não aldeada foi feito a partir de dados de 651 indivíduos, da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019.
Em relação à população indígena de todo o Brasil, o artigo cita dados do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena, que registrou cerca de 42 mil casos notificados de doenças crônicas entre 2015 e 2017.
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