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O preço que pagamos por viver na civilização
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Psicóloga e psicanalista

O preço que pagamos por viver na civilização

Tipo Opinião
Sabrina Matos, psicólogca (Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Sabrina Matos, psicólogca

Aprendemos com Sigmund Freud que ingressar na civilização significa uma renúncia aos componentes hostis presentes na constituição de todos nós. Esse é o preço que pagamos para viver na civilização.

Daí a infelicidade. Daí o mal-estar na cultura. Os modos como a relação com a realidade, com a castração e com o desejo vão se dar são diversos para o neurótico, o perverso e o psicótico.

Escutar o motoqueiro dizendo que está c..... para a CPI da Covid realmente não causou surpresa alguma. Tudo óbvio no linguajar disbiótico, incivilizado e perverso do inquilino do planalto. Como sempre.

A incompatibilidade verbal do chefe da nação com relação à liturgia do cargo que ocupa, aliada a todas as outras incompatibilidades, intelectual, moral e humanitária, só pra citar as mais explícitas, já foi retratada em 2019 pelo cartunista francês Nicolas Tabary. Na charge do Charlie Hebdo o mito apareceu "fazendo cocô em todo mundo".

A gramática anal do paraquedista sinaliza que ele está se borrando de medo. Com o país contabilizando mais de 500 mil mortos pela Covid, com uma CPI investigando falhas na condução de seu governo no combate à pandemia, com a queda vertiginosa de sua popularidade em todas as pesquisas de intenções de voto para as eleições de 2022, acuado e inseguro, a estratégia é atacar a tudo e a todos, mais ainda. Aliás, essa sempre foi a lógica de reconhecimento do capitão reformado.

"Eu sou igual ao cocô de vocês", disse o presidente sem legenda, rindo com alguns apoiadores o chamando de lindo. O "número dois" é o assunto e a retórica de um governo escatológico, obsceno, indigesto e fétido que não cansa de expelir seus excrementos, dia após dia, exibindo sem censura a destrutividade de um ator político inculto, grosseiro e sem consistência. Uma diarreia ambulante!

Lembro de Zygmunt Bauman que dizia que existem e sempre existiram em todas as épocas, três razões para se ter medo: a ignorância, a impotência e a humilhação que segundo ele, é um derivado das outras duas. Quando essas três razões estão juntas, seja em um presidente ou em um DJ, a justiça e uma boa dose de probióticos são nossos aliados! n

 

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