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Ano Novo: um bom prognóstico?
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Psicóloga e psicanalista

Ano Novo: um bom prognóstico?

Tipo Opinião
Sabrina Matos, psicóloga, psicanalista e professora da Unifor (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Sabrina Matos, psicóloga, psicanalista e professora da Unifor

Entramos no segundo ano de pandemia e nossas inquietudes diante de um vírus que não cansa de se metamorfosear vão, aparentemente, dando lugar a uma outra cena, somente possível em função da ciência que possibilitou a chegada das vacinas. O tempo ainda exige de cada um de nós enquanto cidadãos todos os cuidados no sentido de minimizarmos a disseminação da doença.

O retorno às atividades, aos poucos, vai se configurando, mas as profundas repercussões emocionais de um tempo sombrio deixam marcas singulares. Lembro que escrevi aqui neste espaço um artigo intitulado "Pandemia terminável e interminável" justamente sinalizando para os efeitos subjetivos do que estávamos atravessando (e ainda estamos), ou seja, assim como não há possibilidade de um sujeito atravessar um processo de análise de forma tranquila (visto que vai deparar-se com o que há de pior em si mesmo), a travessia da pandemia, com tudo o que ela comporta (privação, frustração, angústia, medo, sofrimento) também não tem sido uma experiência tranquila prá ninguém, exceto, talvez, para os negacionistas.

São os nossos sofrimentos a clave para que possamos pensar a vida, as nossas relações com o outro, as nossas escolhas. Há exatos 100 anos, a Semana de Arte Moderna de 1922, evento realizado no Teatro Municipal de São Paulo, teve como um de seus símbolos a publicação do livro "Pauliceia Desvairada", de Mário de Andrade, um dos marcos da estética modernista em nosso país.

Por que lembro disso aqui? Porque quiçá possamos inaugurar 2022, assim como Mário de Andrade, que escreveu o "prefácio interessantíssimo" dessa obra onde disse "que a princípio cantava sozinho, mas como canto é agente simpático e faz renascer na alma dum outro predisposto ou apenas sinceramente curioso e livre o mesmo estado lírico provocado em nós por alegrias, sofrimentos, ideais", que possamos, chorar, cantar, rir, berrar, viver e traçarmos a história do nosso país com olhos pulsantes, atrelados ao poder do pensamento, da razão, da arte, da poesia, da ciência e da esperança por dias melhores. n

 

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