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Cartas para Freud
Sabrina Matos

Cartas para Freud

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No último dia 12 de abril tivemos a alegria de receber o querido colega psicanalista Valton de Miranda Leitão como convidado do projeto idealizado por mim em 2014 no curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza e do qual tenho como parceira desde 2016 uma colega também querida, a professora Juçara Mapurunga.

O objetivo desse projeto (Cartas para Freud) é convocar os alunos para que escrevam missivas ao mestre vienense levantando questões acerca da teoria psicanalítica, interrogando a atualidade da invenção freudiana, fazendo elogios e críticas a esse gênio da humanidade que sacudiu a condição humana ao desbancar a razão e demarcar que somos regidos pelo inconsciente.

Valton, com sua generosidade costumeira, trouxe-nos histórias. Sim, somos tecidos de histórias. Para responder a nossa pergunta "Sigmund, por que a guerra?", o fio condutor de sua fala não poderia ter sido mais impactante do que as narrativas de uma vida ancorada na luta por uma sociedade mais justa, com menos desigualdades e o campo conceitual da psicanálise como lente.

Valton é sinônimo de resistência e conseguiu contagiar a moçada presente naquele auditório lotado. Ao seu lado, escutando sua força, lembrei do poeta argentino Juan Gelman, filho de emigrantes ucranianos que, assim como Valton, combinou a militância política e a defesa dos direitos humanos. Em um dos trechos desse "poeta dos olhos tristes" ele nos diz que "aquele que não andou seu passado, não o cavou, não o comeu, não sabe o mistério que virá". Escutar as memórias vivas e as narrativas de uma história de vida tão intensa foi um privilégio.

A vida é mesmo feita de encontros, de trocas, daquilo que fazemos para sobreviver. Levamos flores, música, poesia, alguns mimos para os nossos alunos, homenageamos Valton cantando "A Paz" e saímos de lá certos de que Eros continua pulsando!

 

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Sabrina Matos

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